A audição de Nélio Lucas no processo ‘Football Leaks’ foi hoje interrompida e será retomada em 24 de novembro, porque o antigo administrador da Doyen Sports vai viajar para Londres, onde terá de cumprir quarentena devido à pandemia.
Nélio Lucas, que começou a ser ouvido na quarta-feira, é uma das testemunhas chave do processo no qual está a ser julgado Rui Pinto, por alegada divulgação de documentos confidenciais do mundo do futebol e alegados esquemas de evasão fiscal através da plataforma ‘Football Leaks'.
A sessão de hoje, a 22.ª do processo que decorre no Tribunal Criminal de Lisboa, terminou ao final da tarde, pouco depois de o advogado de Rui Pinto ter começado a inquirir a testemunha.
Nélio Lucas manifestou indisponibilidade para continuar a ser ouvido na terça-feira, por ter intenção de viajar para Londres, onde reside, ficando obrigado a cumprir um período de 14 dias de quarentena, tendo o coletivo de juízes decidido que a audição ao antigo administrador da Doyen Sports prosseguirá em 24 de novembro.
O julgamento, no qual além de Rui Pinto é arguido o advogado Aníbal Pinto, prossegue na terça-feira, dia 10, com a audição de várias testemunhas arroladas pelo Ministério Público, entre as quais o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes.
Na sessão de hoje, Nélio Lucas, voltou a defender a ideia de que a Doyen Spots Investements, da qual se desvinculou em 2017, não era um fundo, mas sim sociedade comercial por quotas, com dois acionistas, que foi abalada pela divulgação de documentos confidenciais.
“A atividade da Doyen foi posta em causa. A reputação da empresa e a minha foram postas em causa. Parecia que erámos todos uma cambada de bandidos”, disse.
Nélio Lucas garantiu que “nenhuma documentação revelada pela plataforma ‘Football Leaks’ deu origem a processos judiciais ou fiscais contra a Doyen em nenhum país”.
Na sessão de quarta-feira, a testemunha assegurou que a Doyen nunca esteve disponível para pagar a tentativa de extorsão imputada a Rui Pinto para travar as publicações de documentos no ‘Football Leaks’.
Hoje, Nélio Lucas voltou a abordar os contornos dos contactos com Artem Lobuzov, o nome supostamente utilizado por Rui Pinto na troca de mensagens entre ambos e que teria estabelecido uma verba “entre 500 mil e um milhão de euros” para colocar um ponto final na divulgação na internet de informação confidencial do fundo de investimento.
A sessão ficou marcada pelo pedido da defesa de Rui Pinto para aceder ao registo criminal completo de Nélio Lucas, de forma a perceber se existem crimes que já tenham constado no mesmo, mas que tenham sido apagados definitivamente por já terem sido ultrapassados os prazos definidos pela lei portuguesa.
O pedido foi feito, apesar de Nélio Lucas ter apresentado ao tribunal o registo criminal português, atualizado em 2019, e ainda o mesmo registo referente ao Reino Unido, onde reside, datado de 2016.
Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
Comentários