O ex-diretor geral do Sporting, Augusto Inácio, revelou hoje que o acesso ao sistema de emails e a divulgação de documentos do clube na plataforma ‘Football Leaks’, criada por Rui Pinto, não tiveram qualquer impacto pessoal.
Na 12.ª sessão do julgamento do processo ‘Football Leaks’, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, o treinador, de 65 anos, explicou que documentos como os contratos que foram publicados online não passavam por si, apenas pela administração da SAD ‘leonina’, e que no seu email estava correspondência “estritamente profissional”.
“Não senti nenhuma invasão, sinceramente. Se houve, não sei quem foi”, afirmou Augusto Inácio, mesmo antes de ser confrontado pelo Ministério Público (MP) com as datas dos acessos à sua caixa de correio eletrónica por um endereço de Internet proveniente da Hungria e imputado a Rui Pinto. Já antes de entrar para o tribunal, Inácio tinha declarado que o criador do ‘Football Leaks’ era um “denunciante das batotas do futebol português”.
Por sua vez, o antigo vice-presidente para as modalidades do Sporting Vicente Moura lembrou na sala de audiência que não lidava com o futebol do clube e assumiu não ter sentido efeitos da divulgação de documentos do Sporting na Internet.
“Apercebi-me de que houve problemas com os emails, porque não conseguia entrar e depois deram-me outra password, mas isso passou-me completamente despercebido”, admitiu o ex-dirigente do clube, sublinhando: “Nunca tive nenhum problema”.
Finalmente, José Laranjeira, antigo membro do departamento de prospeção de jogadores dos ‘leões’, reconheceu que fazia pouco uso do seu email e que quando surgiram os problemas de acesso externo ao sistema informático, em setembro de 2015, nunca foi confrontado sobre o tema por qualquer elemento do Sporting.
Para a sessão de quinta-feira está já confirmada de manhã a audição do ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, bem como das testemunhas Virgílio Lopes e Pedro Almeida. Para a tarde, o tribunal está ainda a tentar confirmar o agendamento do atual treinador do Benfica e antigo técnico dos ‘leões’, Jorge Jesus.
Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
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