Duas dezenas de trabalhadores do bingo do Vitória de Setúbal, que ainda não receberam o ordenado de dezembro e subsídio de Natal, concentraram-se hoje junto ao local de trabalho contra o encerramento do espaço no último dia de 2023.

“A direção do Vitória de Setúbal e a direção da SAD decidiram encerrar a sala de bingo no dia 31 de dezembro, argumentando que a sala de bingo não tem viabilidade financeira, mas não avançaram com uma proposta de despedimento coletivo”, disse à agência Lusa Luís Trindade, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul.

Insistindo que “se o Vitória de Setúbal quer fazer um despedimento coletivo, que avance com o processo de despedimento coletivo para os trabalhadores terem direito às indemnizações”, o sindicalista recusou propostas de rescisão por mútuo acordo.

O clube, salientou, não pode fazer "propostas de rescisão dos contratos por mútuo acordo, e com valores irrisórios, que, ainda por cima, entram para um Plano Especial de Revitalização, o que significa que talvez só daqui a dez anos os trabalhadores vejam as suas indemnizações pagas”.

Sobre as dificuldades financeiras da sala de bingo do Vitória de Setúbal, Luís Trindade considerou tratar-se de um problema de gestão e criticou o facto de o bingo do Vitória de Setúbal vender “cartões a 50 cêntimos quando outras salas vendem a um euro”.

“Há outros bingos com dificuldades, mas também há alguns que funcionam bem”, frisou Luís Trindade.

Questionado pela agência Lusa, o sindicalista reconheceu que o despedimento coletivo, face às dificuldades financeiras do Vitória de Setúbal, não é uma garantia de pagamento das indemnizações, mas defendeu que os trabalhadores também não poderiam aceitar uma rescisão dos contratos por mútuo acordo, como lhes terá sido proposto pelo clube sadino.

De acordo com o sindicato, o bingo do Vitória de Setúbal tem atualmente 27 trabalhadores, que, pouco antes da concentração, receberam uma nova comunicação do clube a informar que a partir de hoje estavam dispensados de comparecer no local de trabalho.

Contactado pela agência Lusa, o presidente do Vitória de Setúbal, Carlos Silva, lamentou o encerramento do bingo, mas defendeu que a situação era insustentável para o clube, adiantando que os prejuízos acumulados nos últimos dois anos ascendem a mais de 520 mil euros.

“Infelizmente, de há dois anos a esta parte, a sala de bingo do Vitória de Setúbal tem tido prejuízos todos os meses. Nos últimos dois anos (2022 e 2023) estamos acima de 520 mil euros de prejuízo e, neste valor, ainda não estão contabilizados os meses de novembro e dezembro de 2023”, disse Carlos Silva.

“Acabei de receber há pouco o mapa de exploração de dezembro e a receita da sala do bingo é de 41 mil euros, acrescentou o dirigente do clube sadino, salientando que se trata de um valor insuficiente para fazer face a encargos mensais de “cerca de 54/55 mil euros”, que o clube terá de assumir em janeiro, com o pagamento de salários, impostos e Segurança Social.