O Desportivo das Aves SAD, que desistiu de competir no Campeonato de Portugal de futebol em setembro de 2020, foi declarado insolvente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Santo Tirso há cerca de dois meses.
“O Processo Especial de Revitalização (PER) caiu e não foi possível revitalizar SAD nenhuma, porque não tinha ponta por onde se pegasse. Quanto aos processos judiciais, havia duas insolvências que tinham sido apresentadas antes do PER e uma delas continuou”, explicou à agência Lusa o então administrador judicial provisório António Dias Seabra.
Esse pedido de insolvência partiu do Oriental, que ficou na 11.º posição da Série G do terceiro escalão e desceu aos distritais, assente numa dívida de 35.881,83 euros pelo empréstimo do guineense Bura, atualmente no Farense, da I Liga, em julho de 2018.
Como esse requerimento antecedeu o PER, solicitado em 24 de julho de 2020 pelo Desportivo das Aves SAD, cuja lista provisória repartia dívidas de 17,1 milhões de euros por 110 credores, o tribunal nomeou através de sorteio um novo administrador judicial.
Já António Dias Seabra foi sorteado para acompanhar um outro pedido de insolvência solicitado no Tribunal Judicial de Sintra pelo clube, presidido por António Freitas, em relação à empresa ‘Galaxy Believers’, que detém a SAD liderada pelo chinês Wei Zhao.
“Próximos passos? Ao nível da SAD, falamos da liquidação do património. Quanto à situação que estou a acompanhar, também é isso que irei fazer, até porque não vejo na SAD e nesta empresa detentora meios ou mecanismos para permitir a apresentação de um plano de insolvência que viabilize as empresas”, explicou António Dias Seabra.
O relatório deliberativo tem de ser apresentado 45 a 75 dias após a declaração de insolvência, embora esse prazo esteja condicionado pelas restrições de combate à pandemia de covid-19, que têm impedido a realização de assembleias de credores.
Constituída em julho de 2015, o Aves SAD controlava 90% das ações e detinha um poder de decisão maioritário sobre o futebol profissional dos nortenhos, que desceram no relvado à II Liga em 2019/20, após incumprimentos salariais e 27 rescisões unilaterais.
A administração do chinês Wei Zhao reprovou em julho de 2020 nos requisitos de licenciamento nas provas profissionais desta temporada junto da Liga de clubes e dispensou o recurso para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.
O Desportivo das Aves SAD inscreveu uma equipa sénior e participou no sorteio da primeira fase do Campeonato de Portugal, do qual desistiu em 23 de setembro, depois de ter falhado o acordo com o Perafita para utilizar as instalações do clube de Matosinhos.
As dívidas da SAD de quase 37,5 mil euros a três clubes estrangeiros levaram a FIFA a impedir o clube de inscrever novos atletas desde 03 de agosto e direção de António Freitas resolveu em 08 de outubro refundar as secções de futsal e de futebol, que passaram a representar um novo clube, designado por Desportivo das Aves 1930.
Cada equipa inscrita tem competido nas divisões mais baixas da Associação de Futebol do Porto, todas suspensas devido à pandemia de covid-19, ao passo que a secção de voleibol continua a jogar sob a identidade tradicional do Clube Desportivo das Aves.
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