A Comissão Europeia apelou hoje a que o “desporto e as competições desportivas” sejam organizadas de maneira a serem “abertas a participantes”, após 12 clubes europeus terem anunciado a sua intenção de criar uma Superliga europeia.
“Os desportos e as competições devem ser organizadas de uma maneira que seja aberta a participantes, a clubes participantes, e que garanta a solidariedade dos níveis de topo aos mais baixos, para que todos tenham a oportunidade de participar”, disse o porta-voz da Comissão Europeia, Eric Mamer, durante a conferência de imprensa diária do executivo comunitário.
Apesar de não se referirem diretamente ao projeto de criação de uma Superliga europeia – por só terem tido conhecimento do projeto em questão através de relatos nos órgãos de comunicação e não terem recebido “informação detalhada” –, os porta-vozes da Comissão destacaram que “o desporto, incluindo o futebol, faz parte do tecido da sociedade”, e que o executivo comunitário “defende um modelo europeu de desporto que é único de muitas maneiras”.
“Os princípios centrais deste modelo são a autonomia, a abertura, a solidariedade e a interdependência das federações internacionais. A boa governação, baseada em regras claramente definidas, transparentes e de não-discriminação, é uma condição para a autonomia e a autorregulação das organizações desportivas”, apontou a porta-voz com a pasta da Educação, Juventude, Desporto e Cultura, Sonya Gospodinova.
Referindo assim que estas “tradições constituem a maneira como as pessoas se envolvem no desporto”, a porta-voz asseverou que as mesmas “devem manter-se, tendo em conta que fazem parte do ADN europeu”.
“Convidamos todas as partes a ter estes princípios em consideração quando avaliam o impacto potencial de uma proposta” como a da Superliga europeia, referiu a responsável.
A reação da Comissão surge após o comissário europeu para a Promoção de um Modo de Vida Europeu, Margaritis Schinas, também já ter reagido ao projeto da Superliga europeia, afirmando que a UE deve defender “um modelo europeu de desporto baseado na diversidade e na inclusão”.
“A universalidade, a inclusão e a diversidade são elementos cruciais no desporto europeu e no nosso modo de vida europeu”, apontou o responsável.
No domingo, AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham, treinado pelo português José Mourinho, “uniram-se na qualidade de clubes fundadores” da Superliga, indica um comunicado enviado à AFP.
“A época inaugural (...) iniciar-se-á o mais brevemente possível”, informam os subscritores do comunicado, sem precisar qualquer data, adiantando que a nova competição pretende “gerar recursos suplementares para toda a pirâmide do futebol”.
Os promotores da Superliga adiantam que a prova será disputada por 20 clubes, pois, aos 15 fundadores – apesar de terem sido anunciados apenas 12 -, juntar-se-ão mais cinco clubes, qualificados anualmente, com base no desempenho da época anterior.
A época arrancará em agosto, com dois grupos de 10 equipas e os jogos, em casa e fora, serão realizados a meio da semana, mas todos os clubes participantes continuarão a disputar as respetivas ligas nacionais.
O comunicado dos 12 clubes surge no mesmo dia em que a UEFA reafirmou que excluirá os clubes que integrem uma eventual Superliga europeia de futebol, e que tomará “todas as medidas necessárias, a nível judicial e desportivo” para inviabilizar a criação de um “projeto cínico”.
Na luta contra a pretensão de alguns dos mais poderosos clubes da Europa, a UEFA disse contar com o apoio das federações de Inglaterra, Espanha e Itália, bem como das ligas de futebol destes três países.
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