O treinador e ex-jogador de futebol Clarence Seedorf afirmou hoje que a escola, nomeadamente a disciplina de educação física, pode reduzir manifestações de discriminação no desporto como o racismo, o sexismo e a homofobia.
Numa conversa por videoconferência acerca das manifestações de discriminação e violência no desporto, promovida pelo Conselho da Europa, o antigo médio internacional pelos Países Baixos realçou que as instituições desportivas devem ser "mais ativas" na promoção da "igualdade entre homens e mulheres", por exemplo, e defendeu que as escolas são a chave para um futuro mais "inclusivo".
"Se tivermos quatro horas de matemática, devemos ter quatro hora educação física, porque é a base de desenvolvimento motor, permite melhor tomada de decisão e ensinamos inclusão, igualdade e trabalho de equipa", realçou.
Natural de Paramaribo, no Suriname, país sul-americano de língua oficial holandesa, Seedorf mudou-se para os Países Baixos com dois anos e realçou que, no país onde cresceu, a "educação física é a aula mais importante para qualquer criança entre os cinco e os 12 anos".
Para o antigo jogador do Ajax, do Real Madrid e do AC Milan, emblemas pelos quais venceu cinco edições da Liga dos Campeões, o investimento na educação física pode ainda contribuir para um "maior respeito" dos espetadores pelo "desporto", já que o "praticaram", e também para a saúde da população, ajudando os vários governos a diminuírem os "muitos gastos em saúde".
O treinador considerou ainda que os meios de comunicação, em vez de darem "80% da visibilidade" às manifestações de discriminação nos estádios, deveriam dar "80% da visibilidade" ao que acontece depois das punições aplicadas aos autores dessas infrações, até para se alertarem as pessoas para as "consequências dos atos".
Para Clarence Seedorf, a UEFA e a FIFA deveriam começar a salientar a palavra "inclusão" nas suas campanhas contra o racismo e a discriminação, com o "tom certo" para resolver o problema junto das "gerações mais novas", já que é "difícil mudar as gerações mais velhas".
O ex-atleta pediu, por isso, às instituições que criem "objetivos pragmáticos e tangíveis a curto prazo" para se ter uma "sociedade mais inclusiva e igual" a longo prazo.
Em representação da UEFA, o diretor de futebol e responsabilidade social, Michel Uva, avisou que as respostas à discriminação precisam de uma ação conjunta de várias entidades e disse que o tema dos direitos humanos, "importante para combater o racismo", já faz parte do currículo dos cursos de treinador.
Já a ministra francesa do Desporto, Roxana Maracineanu, realçou a necessidade de se combaterem "estereótipos sexistas" no desporto, tendo dito que o governo daquele país financiou com mais de um milhão de euros a transmissão televisiva de competições femininas e alertado para a necessidade de haver mais mulheres no jornalismo desportivo, já que, em França, só perfazem 10% do total.
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