Carlos Carvalhal foi, esta terça-feira, um dos convidados do Fórum de Treinadores da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, que está a decorrer em Portimão.
O técnico, atualmente sem clube depois de ter deixado o Swansea no final da temporada passada, considera que os treinadores portugueses têm uma características que os separa dos outros.
"Há números em excesso à volta do futebol. Há um detalhe exagerado e acho que é negativo se os treinadores confundirem o fundamental com o acessório, reportando-se muito mais aos números e às estatísticas do que propriamente ao jogo, pois isso é que é o fundamental. E o que distingue os treinadores portugueses é essa capacidade perceber as coisas com emoção, para ligar as pessoas, as equipas. E isso não é estatística, é para lá disso", começou por dizer Carvalhal.
"O futebol está em extremos, jogar atrás, jogar longo, e parece-me que se está a perder a noção do equilíbrio da equipa e da necessidade de variedade e mudança dentro do jogo. Fiz 56 jogos no primeiro ano na Championship, sempre de 3 em 3 dias, ajuda a retirar o acessório e centrar no fundamental. O início de época é importante para uma época assim, ainda que não me parece que a fundamentação de início seja físico, mas eu acho que é sobretudo de organização tática sólida. Precisamente porque não se pode construir e reconstruir ideias de 3 em 3 dias. Essa base tática dura o ano todo. É um grande desafio", acrescentou.
"Outro perigo são os personal trainers dos jogadores. Está na moda. Um treinador acaba o treino e depois vai ter com o personal trainer, que não sabe em que regime treinámos nesse dia nem que em regime vamos treinar no dia seguinte. Não está conectado com a equipa técnica e isso implica um risco de lesões. No Swansea vi um jogador na praia, em frente aonde eu morava, eu filmei tudo e confrontei o jogador. Eu não estava a contar com o jogador no jogo seguinte, mas tive de o meter e depois de ter entrado deu cabo dos ligamentos cruzados. E de quem é a responsabilidade?", concluiu.
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