O sorteio da quarta eliminatória da Taça de Portugal de futebol deu motivação aos jogadores do Angrense, que lideram a série E do Campeonato de Portugal e acreditam que podem surpreender o FC Porto no próximo sábado.
"Após o sorteio, claro, notou-se uma grande ansiedade e não há dia em que a gente não aborde o jogo com o FC Porto, mas acho que há uma motivação extra e o grupo tem sabido, no nosso campeonato, manter o foco nos nossos jogos. Não é por acaso que ocupamos o primeiro lugar", salientou, em declarações à Lusa, Roldão Duarte, treinador da equipa açoriana.
A equipa de Angra do Heroísmo vai defrontar os ‘dragões’, em casa, no Estádio João Paulo II, na quarta eliminatória da Taça de Portugal. Os bilhetes esgotaram em pouco mais de 48 horas.
À data do sorteio, em finais de outubro, o clube da ilha Terceira estava em quarto lugar na série E do Campeonato de Portugal, com um jogo de atraso, mas atualmente está na primeira posição.
Roldão Duarte, há três épocas treinador do Angrense, onde terminou a carreira como jogador, diz que a equipa tem "os pés bem assentes no chão", mas acredita numa vitória e garante que os jogadores vão dar luta ao FC Porto.
"Sabemos que vamos defrontar uma estrutura de nível europeu, com muitos jogadores internacionais, com uma estrutura toda profissionalizada, ao contrário da nossa, que é completamente amadora, mas nós vamos querer participar na festa, mas de forma ativa, não vamos ser passivos", frisou.
Gonçalo Valadão, com 34 anos, ‘capitão’ da equipa e jogador mais velho do Angrense, onde joga há 24 anos, diz que, apesar de amadores, os atletas são ambiciosos e vão demonstrar atitude na partida.
"Sabemos que vai ser uma luta de David contra Golias. O FC Porto é uma equipa de dimensão europeia, nós somos de dimensão amadora, mas no futebol há surpresas. Como se costuma dizer, são 11 contra 11, a bola é redonda e nós vamos fazer de tudo para dificultar ao máximo a tarefa do Porto", adiantou.
Dos 25 jogadores que constituem o plantel, só três se dedicam a tempo inteiro ao futebol. À exceção de um, são todos naturais da ilha Terceira e mais de metade foram formados no clube.
A maioria dos atletas chega ao treino depois de oito horas de trabalho e de 15 em 15 dias os jogos obrigam a uma deslocação ao continente português, o que, segundo Roldão Duarte, é "muito desgastante", porque implica duas horas de avião e três de autocarro, à ida e ao regresso.
Cristiano Magina, melhor marcador da série E do campeonato do terceiro escalão português, com sete golos em 10 jogos, não resistiu ao cansaço e abdicou do emprego para se dedicar a tempo inteiro ao futebol.
Já com 28 anos, sabe que o fim da carreira se aproxima, mas ainda acredita que poderá jogar noutras competições e admite que o jogo com o FC Porto lhe poderá dar maior visibilidade.
"Acho que qualquer atleta ambiciona sempre chegar a patamares mais elevados. Sei que estou já numa idade avançada, mas vou trabalhar com esse objetivo de conseguir mais qualquer coisa", salientou.
Para Gonçalo Valadão, a equipa tem jogadores com "muito talento" e "muita ambição", que com trabalho podem alcançar a II Liga e até a I Liga.
No entanto, na opinião dos jogadores e do treinador, é no coletivo que está a maior arma do Angrense, desde a união e amizade dos atletas à forma como toda a estrutura sente o clube.
"São jogadores que já se conhecem muito. Há sempre uns acertos no final de cada época, com a entrada de dois, três jogadores, mas a espinha dorsal já joga junta há muitos anos, portanto acho que temos todas as capacidades para fazer um bom jogo", salientou o ‘capitão’ da equipa.
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