O campeão chinês de futebol Jiangsu FC anunciou hoje que vai "encerrar operações", com efeito imediato, três meses após conquistar o seu primeiro título e nas vésperas de a Liga dos Campeões da Ásia arrancar.
O Jiangsu, que tem sede em Nanjing, no leste da China, e é detido pelo grupo Suning, especializado em retalho de eletrodomésticos e proprietário também do clube italiano Inter de Milão, anunciou nas redes sociais que espera encontrar um novo patrocinador após a saída da empresa.
"Embora estejamos relutantes em nos separar dos jogadores que tanto nos honraram e foram solidários com o clube, temos lamentavelmente que fazer este anúncio", apontou em comunicado o Jiangsu FC.
"A partir de hoje, o Jiangsu Football Club cessa as operações", lê-se na mesma nota.
O grupo Suning tentou, nos últimos seis meses, vender o clube, que tem dívidas estimadas em cerca de 90 milhões de dólares (75 milhões de euros). Também a bem-sucedida equipa feminina e os escalões jovens vão ser extintos na sequência desta decisão.
A agência noticiosa oficial estatal Xinhua disse que o clube devia salários aos jogadores e bónus pela conquista do título e que o treinador Cosmin Olaroiu e o jogador brasileiro Alex Teixeira já abandonaram o Jiangsu.
Em fevereiro, o proprietário do grupo Suning, Zhang Jindong, um dos homens mais ricos da Ásia, disse que o grupo reduziria as atividades fora da área do retalho, após um ano em que as receitas caíram devido à pandemia da covid-19.
"Vamos concentrar-nos no negócio do retalho e fechar e reduzir negócios fora dessa área", disse.
Em Itália, o Suning está também a tentar vender a participação maioritária no Inter de Milão, que comprou em 2016.
O Jiangsu é o segundo clube chinês a sair da Liga dos Campeões da Ásia, que arranca em abril. O Shandong Luneng foi expulso da competição por violar as regras relativas ao pagamento de salários em atraso.
Outros clubes chineses podem ter o mesmo destino do Jiangsu, nomeadamente o Tianjin Teda, que no verão passado contratou o ponta de lança brasileiro Tiquinho Soares ao FC Porto.
A empresa que detém o clube, o grupo Teda, reduziu o seu investimento, depois de a Associação Chinesa de Futebol ter decidido este ano que os nomes dos clubes devem estar isentos de títulos corporativos.
No ano passado, o outro clube da cidade, o Tianjin Tianhai, faliu.
O clubes chineses tornaram-se, nos últimos anos, importantes atores no mercado de transferências, nomeadamente após a contratação do antigo avançado do FC Porto Hulk ou dos internacionais brasileiros Óscar e Paulinho.
Os treinadores campeões mundiais Marcello Lippi e Luiz Felipe-Scolari ou o português Vítor Pereira rumaram também à China.
Numa tentativa de limitar os custos, um novo teto salarial foi imposto para a época de 2021, que limita as despesas dos clubes a 90 milhões de dólares por ano.
A entrada de grandes grupos chineses no futebol coincide com o desejo de Pequim de converter o país numa potência futebolística à altura do seu poder económico e militar.
O Presidente chinês, Xi Jinping, assumiu já o desejo de ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencê-lo.
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