Os ataques à sobrecarga do calendário futebolístico internacional e ao projeto da Superliga europeia marcaram hoje a 48.ª assembleia geral das Ligas Europeias, a primeira sob a presidência de Pedro Proença, que serviu também para aprovar novos estatutos.
O organismo representativo de 40 ligas e associações profissionais, em 34 países, levantou “preocupações sobre a pressão exercida sobre o futebol nacional pela introdução de novas competições internacionais e o crescimento dramático de jogos internacionais”.
As Ligas Europeias manifestaram “deceção com a falta de transparência e consulta formal no processo de tomada de decisões por parte da FIFA”, em referência ao alargamento do Mundial de clubes, cuja edição de 2025 contará com a participação de Benfica e FC Porto.
“Juntos, temos de proteger o calendário de jogos das nossas competições com o objetivo de salvaguardar o seu valor desportivo e económico, mas também para proteger a saúde dos nossos jogadores”, advertiu Pedro Proença, no discurso de abertura da reunião magna, em Londres.
O presidente da Liga inglesa, Richard Masters, anfitrião do encontro, considerou que se está a atingir o limite e que “os futebolistas se queixam de jogar demasiados jogos”: “A Premier League não mudou. O que mudou nos últimos anos foi o futebol internacional”.
O organismo liderado pelo dirigente português, que também preside a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, vai trabalhar com UEFA - cujo presidente, o esloveno Aleksander Ceferin, também esteve presente -, a fim de “gerir a transição para um conjunto significativamente alargado de competições continentais, a partir de 2024/25”.
A Superliga europeia também esteve na ‘mira’ de Pedro Proença, que destacou a forma como as Ligas Europeias ajudaram a derrotar a “tentativa de criar uma competição elitista”, cujo anúncio, em 18 de abril de 2021, abalou os alicerces na modalidade.
“Juntos, lutámos e derrotámos a Superliga europeia e a tentativa de criar uma competição elitista para o interesse de apenas alguns”, disse Pedro Proença, criticando a iniciativa lançada por alguns dos mais importantes clubes de Espanha, Inglaterra e Itália.
A competição, que seria disputada em circuito semifechado e se assumia como concorrente direta da Liga dos Campeões, teria 15 clubes fundadores, apesar de ter sido anunciada por 12: AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham.
A reação enérgica do mundo do futebol e o repúdio dos mais variados quadrantes da sociedade e até dos governos de vários países levaram a que, três dias após o anúncio, perante a oposição dos próprios adeptos, apenas Real Madrid, FC Barcelona e Juventus se mantivessem no projeto.
A assembleia geral das Ligas Europeias foi utilizada também para aprovar alterações estatutárias, resultantes da necessidade de adequação ao novo modelo de governação, e debater o pacote legislativo de combate de branqueamento de capitais, aprovado pelo Parlamento Europeu, que, pela primeira vez, a partir de 2029, abrangerá clubes de futebol.
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