O militar da GNR que subscreveu o relatório da investigação do ataque à academia do Sporting, em Alcochete, afirmou hoje, em tribunal, que a acusação não “apurou individualmente” o que cada um dos 42 arguidos fez no interior do balneário.
“Individualmente, não foi apurado quem fez o quê, porque dentro do balneário não há sistema de videovigilância”, disse José Monteiro, no tribunal de Monsanto, onde decorre a terceira sessão do julgamento, que envolve 44 arguidos, entre os quais Bruno de Carvalho, presidente do clube à data dos factos.
O militar da GNR, que presta serviço na secção de unidade criminal do departamento de investigação, disse ter “pegado” na investigação em setembro do ano passado, mais de três meses depois do ataque à academia, ocorrido em 15 de maio.
A quarta testemunha a ser ouvida pelo coletivo de juízes, presidido por Sílvia Pires, explicou que, “dos 43 indivíduos que entraram na academia, um foi despronunciado,”, acrescentando que “23 foram detidos em flagrante delito” e os restantes identificados pelas imagens das câmaras de videovigilância.
José Monteiro confirmou que foram investigados três grupos criados no Whatsapp – Academia Amanhã, Piranhas on Tour e Exército Invencível –, que também ajudaram a consolidar a identificação dos arguidos.
Questionado pelo advogado do ex-presidente do Sporting, o militar da GNR confirmou que Bruno de Carvalho “não está envolvido nas mensagens trocadas” nos referidos grupos.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), em 15 de maio de 2018, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na academia do clube, por elementos do grupo organizado de adeptos da claque Juventude Leonina e do subgrupo Casuais (Casuals), que agrediram técnicos, jogadores e ‘staff’.
Bruno de Carvalho, que atualmente trabalha como comentador, Mustafá, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e Mustafá também por um crime de tráfico de estupefacientes.
Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à academia, o MP imputa-lhes a co-autoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Estes 41 arguidos vão responder ainda por dois crimes de dano com violência, por um crime de detenção de arma proibida agravado e por um crime de introdução em lugar vedado ao público.
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