A conquista do Campeonato do Mundo de Futebol para Amputados, em Novembro, no México, produziu júbilo generalizado. Pela sua relevância, este título faz do desporto adaptado embaixador angolano pelo mundo, por direito próprio.
Efetivamente, Angola uniu-se para prestar tributo aos campeões mundiais, de uma forma só comparada à época da conquista da tripla medalha de ouro, por José Sayovo, nos Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004.
Na verdade, o ano de 2018 é um marco histórico para o movimento paralímpico e para o associativismo desportivo, não só pelo feito do futebol a que se juntaram as 15 medalhas do atletismo nos Jogos da SADC, no Botswana, mas, também, por mais um passo na quebra de tabus em relação à pessoa com deficiência.
Em Angola, apesar de inclusiva, a Lei Base do Sistema Desportivo não é ainda de todo regular no que toca à criação de condições para que este tipo de desporto tenha lugar sem constrangimento de acessibilidade, de material desportivo e de recintos para a prática.
Ainda assim, Angola chegou ao México inspirando respeito pelos adversários, mercê da segunda posição da edição anterior, e acabou por justificar tal favoritismo, ao conquistar o troféu com apenas uma derrota.
Na final, o combinado nacional venceu a Turquia, campeã europeia, através de grandes penalidades (5-4), após igualdade (3-3) no tempo regulamentar e no prolongamento.
Antes, na fase de grupos, Angola goleou a Ucrânia (4-0), venceu a Espanha (1-0), a Itália (2-0) e Polónia (6-5 aos penáltis), tendo registado uma única derrota contra o Haiti (1-2).
O ciclo de vitórias de Angola, em 2018, não se resumiu ao Mundial do México.
Nos Jogos da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, no Botswana, o desporto adaptado foi decisivo para a segunda posição de Angola na classificação final, com 15 medalhas (cinco de ouro, três de prata e sete de bronze em atletismo).
Ainda este ano, o país albergou um torneio internacional de basquetebol em cadeira de rodas. A selecção nacional obteve a segunda posição, superando a Suíça (terceira). A África do Sul foi a primeira da geral.
O evento enquadrou-se na "Taça Lwini", prova decorrida no Pavilhão da Cidadela, em saudação ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (3 de Dezembro).
A nível doméstico, sagraram-se campeões nacionais o Misto do Huambo (futebol para amputados), Misto de Cabinda (basquetebol em cadeira de rodas) e José Chamoleia (campeão na classe T11 em atletismo - cegueira total).
Em feminino, naquela mesma classe, sagrou-se campeã nacional Regina Dumbo. Silvestre Ngula foi imbatível na classe T46 (deficiência motora em masculinos).
O ano foi ainda marcado pela realização de ações de formação, apostas do Comité Paralímpico na perspetiva da mais "cientificidade" a este tipo de desporto.
Desta vez, foram formados 35 quadros em gestão e administração do desporto. O curso foi ministrado pelo especialista português, Jorge de Carvalho.
Em Fevereiro, foi realizado um campo de treino para atletas e técnicos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, ação formativa que juntou 40 elementos nas instalações do Decifer Sport Resort, na capital.
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