O português Ivo Campos, treinador-adjunto no Bravos do Maquis, equipa da primeira divisão de Angola, é o estrangeiro há mais épocas consecutivas a treinar no país e confessou à Lusa que não tem planos para regressar a Portugal.

"Construí em Angola algo que nunca pensei conseguir tão rápido, conquistei as pessoas com o meu trabalho, sinto que faço parte da evolução do futebol angolano, trabalho e dou o máximo de mim para ser reconhecido como alguém que fez algo pela modalidade no país", realçou o treinador de 38 anos, que prepara a oitava temporada consecutiva no Girabola.

Ivo Campos é ainda o único estrangeiro a fazer parte da direção da Associação Nacional de Treinadores de Futebol de Angola e, embora "ninguém tenha certezas sobre o dia de amanhã", sente-se "feliz" e não vê razões para mudar de país, onde vive com a mulher e filha.

Desde 2012 no país africano, o português natural de Vila Pouca de Aguiar, distrito de Vila Real, foi preparador físico nas primeiras duas temporadas no Interclube, com Bernardino Pedroto, e integra desde 2014 a equipa técnica de Zeca Amaral, primeiro no Benfica de Luanda, e atualmente nos Bravos do Maquis, clube que representa desde 2017 como treinador-adjunto.

A ‘aventura' em Angola começou com o treinador português Bernardino Pedroto, filho do antigo jogador e treinador do FC Porto José Maria Pedroto, figuras do futebol angolano e português que o transmontano sempre admirou.

"O Bernardino Pedroto ainda hoje mantém o recorde de títulos em Angola, é idolatrado, e foi ele que me lançou nesta vida profissional e muito lhe devo em termos de vivências, experiências e acima de tudo na paixão e compreensão do mundo social atual", contou, confessando também que sempre foi um admirador das "ideias, metodologias de treino e de observação" do pai, José Maria Pedroto.

Atualmente na equipa técnica do angolano Zeca Amaral, Ivo Campos explicou que estar com um dos treinadores "mais conceituados do país" é importante para a sua carreira.

"Sinto que faço parte do seu projeto pessoal, mas acima de tudo percebo que sou importante na construção do futebol nacional através do mesmo", afincou.

A mudança para os Bravos do Maquis, equipa de Luena (Moxico), a cerca de 1.200 quilómetros de Luanda, é vista como "uma avaliação interna" para a equipa técnica, que trabalha em "condições mais humildes em termos de instalações ou até de logística".

"Pretendemos fazer algo que nunca fizemos, que é ‘entrar dentro do clube' e fornecer as nossas ideias e experiências em termos logísticos, em termos de gestão, e de participação em quase todos os departamentos que criamos no clube", explicou.

A preparar a temporada de 2019 do Girabola, a terceira consecutiva no Bravos do Maquis, o objetivo da equipa técnica do sétimo classificado da temporada anterior é "melhorar a classificação e lutar pela conquista da Taça de Angola".

A crise financeira que "assolou o país" em 2014 terminou com "o tempo das ‘vacas gordas' no futebol angolano", mas para Ivo Campos, os "tempos de exagero tinham de acabar".

"Somos obrigados a dizer que estas crises fazem falta para o profissionalismo não ser só dos treinadores e atletas mas de todos os departamentos, coisa que era difícil de encontrar por estes lados", analisou.

Com formação superior em Educação Física e Desporto, o técnico português destacou que "ser treinador fora da Europa requer muito trabalho extra" e que "em África muda tudo em relação aos métodos e estudos europeus".

"As condições de trabalho, condições de logística, condições de planificação, mas acima de tudo as muitas preocupações sociais, culturais, alimentares e religiosas, levam-nos basicamente a ‘estudar’ de novo para estar no alto rendimento em outro continente", garantiu.

A preparar-se para a oitava época consecutiva em Angola, nos planos de Ivo Campos está ainda escrever um livro sobre as "histórias e aventuras" vividas no futebol angolano, quando atingir os dez anos de trabalho em África.

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