As eleições na Federação Angolana de Futebol, que ditaram Artur de Almeida e Silva como vencedor, e a conquista do Girabola pelo 1º de Agosto, nove anos depois, foram os factos mais marcantes durante o ano futebolístico no país.
Numa das campanhas eleitorais mais mediáticas, a corrida ao cadeirão da Federação Angolana de Futebol (FAF) para o período 2017/2020 envolveu três concorrentes: Artur de Almeida e Silva, José Luís Prata e o ex-internacional Osvaldo Saturnino de Oliveira "Jesus".
Curiosamente, os resultados finais, conhecidos no dia do pleito (17), não mudaram a ordem das listas, tendo o candidato da lista A, Artur de Almeida e Silva, saído vencedor, com 67 votos, contra 54 do opositor da lista B, José Luís Prata, e 13 da C, Osvaldo Saturnino de Oliveira "Jesus".
Assim, o empresário tornou-se no quarto presidente do órgão reitor do "desporto-rei" em Angola eleito pelo voto e o sétimo no geral.
A nível do campeonato angolano da primeira divisão, que teve pela primeira vez um patrocinador oficial, a empresa de televisão ZAP, o 1º de Agosto regressou aos títulos, quebrando um jejum de nove anos sem conquistar a maior prova do futebol em Angola.
Os "Agostinos" somaram 66 pontos, contra 64 dos "Tricolores". Esses dois conjuntos mais titulados do país (Petro com 15 e 1º de Agosto com 10) protagonizaram uma disputa acesa, há muito não vista. Apenas na penúltima jornada se conheceu o campeão, quando os militares derrotaram os aviadores, por 3-0, e os petrolíferos empataram a zero com os "encarnados" da capital.
Outra grande novidade para os adeptos, sócios e dirigentes da turma do Rio Seco foi a transferência das suas maiores "estrelas", Gelson e Ary Papel, para o Sporting de Portugal, com contratos até junho de 2019, com mais três de opção. Os valores do negócio não foram revelados, tendo sido apenas adiantadas as cláusulas de rescisão: 60 milhões de euros.
Gelson Dala é avançado e em 2016 marcou 23 golos em 27 jogos pela equipa "militar", enquanto Ary Papel é extremo, tem 22 anos e apontou 12 golos em 21 jogos, tornando-se nos melhores marcadores do Girabola2016.
Este ano realizou-se igualmente a primeira edição da Taça Independência, com equipas da capital do país, consagrando o Interclube.
Disputado no sistema todos contra todos a uma volta, participaram na competição o Interclube, Progresso do Sambizanga, Benfica de Luanda, Petro de Luanda, ASA e 1º de Agosto.
Outro evento em evidência foi o torneio quadrangular da FESA, conquistado pelo 1º de Agosto, que venceu na final o Kabuscorp do Palanca, por 4-2 aos penáltis, após empate a dois golos no tempo regulamentar.
O Petro de Luanda ficou em terceiro lugar ao derrotar o Progresso do Sambizanga, por 1-0.
Seleções nacionais: Sub-17 "salvam" época
Com o fracasso dos Palancas Negras e dos sub-20 na corrida ao Campeonato Africano das Nações, no Gabão e Zâmbia, respetivamente, os Palanquinhas em sub-17 deram um alento às seleções nacionais, ao conseguirem o apuramento ao CAN da categoria, em Madagáscar, quebrando assim o "jejum" de 17 anos de ausência em africanos.
A seleção angolana de futebol de séniores fracassou nas eliminatórias de acesso ao Campeonato Africano das Nações, a disputar-se em 2017, no Gabão, quando até teve um começo promissor, no arranque da campanha, isto ainda em 2015, ao golear na primeira jornada a República Centro-Africana, por 4-0. Igualmente neste ano empatou a zero com o Madagáscar, no terreno do adversário.
Estes resultados não passaram de meras ilusões, porque 2016 foi um descalabro total, a começar com dupla derrota frente aos congoleses democráticos, por 1-2 e 0-2, nas terceira e quarta rondas.
Para piorar a situação, quando as contas já estavam complicadas, sofreu mais uma derrota, de 1-3, em Bangui, frente à República Centro-Africana, e terminou o apuramento com uma igualdade a um golo com o Madagáscar, no estádio 11 de Novembro.
Os Palancas Negras ainda participaram, em janeiro, no CHAN do Rwanda, competição destinada a atletas que atuam nos seus respetivos países.
Com uma preparação menos boa, com jogadores convocados a descartarem a competição e com a agravante do então selecionador, Romeu Filemon ter sido demitido do cargo em véspera da competição (foi substituído por José Kilamba), o conjunto angolana teve uma prestação lamentável, ao averbar duas derrotas, nas primeiras jornadas, frente aos Camarões (0-1) e República Democrática do Congo (2-4). Na despedida suplantou a congénere da Etiópia, por 2-1.
Para este evento, a equipa angolana efetuou um estágio pré-competitivo, de 15 dias, na África do Sul, onde realizou três jogos amigáveis, obtendo duas derrotas, frente à Zâmbia e Guiné Conakry, por 1-2 e 0-1, respetivamente, e um empate, diante da Nigéria a um golo.
Depois da prova interna, perdeu por 1-4 com o Botswana, num amigável enquadrado nas celebrações do 50º aniversário da independência desse país da África Austral, independente dos ingleses desde 30 de setembro de 1966.
Quanto aos sub-20, também falharam o apuramento ao africano da categoria, na Zâmbia, ao serem afastados na última eliminatória frente ao Egito, com dupla derrota (0-1 e 0-4), depois de ultrapassarem o Gabão, na preliminar anterior.
Com o fracasso dessas duas seleções, a tábua de salvação esteve a cargo dos mais garotos, tecnicamente orientados por Simão Languinha. Estes conseguiram a qualificação para a fase final do campeonato africano das nações, a disputar em 2017, no Madagáscar, quebrando assim o "jejum" de 17 anos em Africanos.
Depois de ficarem isentos na primeira eliminatória, os sub-17 deixaram para trás as Ilhas Maurícias e Comores.
Para preparar a prova de Madagáscar, os Palanquinhas foram ousados e participaram nos VII jogos da Região 5 da União Africana, onde arrebataram a prata, numa competição dedicada a atletas até 20 anos.
Ainda a nível das seleções, realce para o ressurgimento dos femininos, que competiram igualmente nos anteriormente designados Jogos da SADC, com um conjunto sub-17. As garotas angolanas, na sua primeira internacionalização, conseguiram a medalha de bronze.
Afrotaças: Sagrada espreita fase de grupos e Libolo dececiona
Depois da última participação numa fase de grupos nas competições africanas, em 2013, os clubes angolanos tentam desde então a todo o custo repetir a proeza do Libolo, mas sem sucesso, sendo o Sagrada Esperança a formação que esteve muito próxima, ao cair este ano na derradeira eliminatória frente o Young African da Tanzânia.
Se em 2013 os libolenses conseguiram, pela última vez, colocar uma equipa angolana na fase de grupos, propriamente na Liga dos Clubes Campeões, os lundas falharam este objetivo no ano 2016 na Taça da Confederação Africana, mas em substituição do FC Bravos do Maquis, que, por dificuldades financeiras, cedeu o seu lugar de vencedor ao finalista derrotado da Taça de Angola.
Depois de afastarem o Ajax Cape Town, a Liga Desportiva de Maputo e o Vita Club Mokanda da República do Congo, nas etapas anteriores, os diamantíferos não foram capazes de superar os tanzanianos na ronda decisiva de acesso à segunda maior prova do continente a nível de clubes, também denominada Nelson Mandela.
Na Liga dos Campeões, o Recreativo do Libolo não conseguiu repetir o feito de 2013, apesar de na altura não ter realizado uma campanha positiva na fase de grupos (B), onde ficou na última posição, com cinco pontos, fruto de uma vitória, dois empates e três derrotas.
Este ano, depois de superar o Racing de Micomeseng, na primeira preliminar, a turma de Calulo ficou na etapa seguinte frente ao Al Ahly do Egito, ao perder por 0-2, no cômputo das duas mãos.
Reduzido a apenas duas formações, em função dos resultados menos conseguidos nas Afrotaças, o país se fará representar na próxima edição pelo 1º de Agosto, na condição de campeão nacional, na Liga dos Clubes Campeões, e pelo Recreativo do Libolo (vencedor da Taça de Angola), na Taça da Confederação Africana.
Os angolanos já tiveram momentos áureos em provas africanas, onde chegaram à final, por intermédio do 1º de Agosto (1998), Interclube (2001), na Taça da Confederação, 1º de Maio (1994) e Petro de Luanda (1997), na extinta Taça CAF.
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