Numa prova de 30 jornadas, liderar durante 29 rondas e com dois jogadores à cabeça dos goleadores é obra de campeão.
Embora tivesse havido um hiato de cerca de três meses entre uma e outra edição do campeonato nacional de futebol, os militares mantiveram o embalo com que terminaram a época’2015. Na altura realizaram uma recuperação estonteante catapultando-os para o topo. Chegaram ao fim com os mesmos 60 pontos que o campeão.
Nessa altura, pela competitividade e, sobretudo, pela qualidade e juventude do plantel, o 1º de Agosto era já a melhor equipa da prova – só não foi campeão porque no sistema do desempate tinha um ponto contra quatro do oponente nos dois confrontos com o Recreativo do Libolo. Os 14 jogos sem derrota na segunda volta confirmam o valor da equipa.
A 19 de Fevereiro passado, abriu o campeonato e, com claros 2-0 sobre o Benfica de Luanda, o D'agosto “retomou” o engodo por um título, num ano em que assinalava uma década desde que tinha erguido pela última vez o troféu mais cobiçado do futebol nacional.
Nesse jogo, aquele que viria a ser o goleador do Girabola, Jacinto Muhondo Dala, vulgo “Gelson”, assinava o primeiro dos seus 23 tentos que o elevariam à posição de vice-goleador da história do campeonato nacional a par de Amaral Aleixo e Flávio Amado. O “rei” chama-se Alves (1º de Agosto) com 29.
Apesar do triunfo sobre os encarnados, a turma militar ocupou somente no quarto lugar à saída da ronda inaugural da 38ª edição do campeonato, porque houve vitórias com mais golos.
Assalto ao trono
A partir do segundo jogo (Progresso do Sambizanga, 3-0), a equipa do sérvio Dragan Jovic tomou de assalto o primeiro lugar para nunca mais o largar. Foram 29 rondas na primeira posição.
O 1º de Agosto teve então uma sequência de cinco triunfos consecutivos, que alargou para 19 os jogos consecutivos sem derrota em jogos do Girabola, se se juntar aos registos da ponta final da época anterior, em que a última derrota registara na 16ª jornada (Libolo, 2-3).
Os triunfos sobre o Benfica (2-0), Progresso do Sambizanga (3-0), Académica do Lobito (2-0), 4 de Abril (3-1), Progresso da Lunda Sul (2-1) confirmaram o potencial e esboçaram um quadro que se confirmou ao cabo das 30 jornadas.
Nem a interrupção do ciclo vitorioso, ainda por cima onde menos se esperava – derrota com o último classificado -, desequilibrou um conjunto que era unanimemente o melhor da prova.
Ao desaire, Gelson, Ary e companheiros responderam com nova sequência de vitórias. Realce para a exibição espectacular (3-1) diante do então detentor do título, a quem chegaram a estar a vencer por 3-0.
Seguiu-se um nulo com Sagrada Esperança, mas depois o D'agosto venceu o Porcelana FC (2-1), Desportivo da Huíla (2-1) e 1º de Maio (3-1).
Depis chegou então a segunda derrota e com ela o seu período menos brilhante, o que coincidiu com um ascendente daquele que viria a ser o vice-campeão nacional – Petro de Luanda. Com efeito, nos 11 jogos seguintes, registou-se o período de maior turbulência, que resultou na perda de 18 pontos.
O ora campeão nacional averbou duas derrotas (Kabuscorp, 0-2; Progresso Lunda Sul, 0-1) e seis empates, destacando-se os 3-3 diante do Interclube, depois de ter estado a ganhar por 3-0.
Ainda assim, não cedeu e manteve-se na liderança, porém, o Petro de Luanda, que chegou a estar a oito pontos (35-27) reaproximou-se de tal modo que na ponta final da competição três equipas estavam em condições de erguer o trófeu.
O 1º de Agosto foi no entanto capaz de manter a distância com seis vitórias consecutivas, mesmo com Petro e Libolo a acossá-lo a escassos pontos.
Esta sequência triunfal foi conseguida com números largos na maioria dos casos, como 4-1 no Desportivo da Huíla, 3-1 no 1º de Maio de Benguela, 2-0 ao Kabuscorp e, sobretudo, a goleada do Girabola: 6-1 sobre o Interclube.
A melhor preparação psicológica, aliada à competência e consistência do conjunto marcou a diferença em relação aos outros concorrentes. O Libolo “saiu” da corrida ao perder com o Progresso do Sambizanga a quatro rondas do fim; o Petro soçobrou na penúltima jornada empatando com Benfica.
Foi assim que os militares "seguraram" o 1º lugar conseguido na segunda jornada. Sempre que precisou de defender essa liderança, fê-lo com competência, de tal sorte que resistiu a todas as investidas de “assalto ao trono” por parte dos oponentes. E décima já está na galeria do Rio Seco.
Comentários