“Porquê a pressa? A venda de 30% de direitos comerciais do FC Porto custa-nos muito. Apesar de o parceiro ser bom, isto é um indicador de falência operacional e de encaixe. Quando se vende algo sem necessidade, ou é por incompetência ou é por necessidade operacional. Custa-nos muito a aceleração desses processos, sem colocar em causa a qualidade desse mesmo parceiro. É um sinal revelador que nos preocupa”, reconheceu.
A oficialização do acordo por 25 anos com a Ithaka foi concretizada ao final da tarde, em comunicado enviado pela FC Porto SAD à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), praticamente ao mesmo tempo em que André Villas-Boas iniciava a sessão de apresentação do espanhol Andoni Zubizarreta e de Jorge Costa, antigo capitão do clube, como candidatos da lista B à chefia desportiva e do futebol profissional, respetivamente.
“É mais uma aceleração de um processo que esta direção encarará. Há que conhecer as pessoas quando lá chegarmos e perceber os porquês disto. Custa quando se vende por inoperância. Quando se vende a nove dias das eleições, é grave para os sócios”, frisou.
André Villas-Boas lamentou ainda as notícias difundidas na segunda-feira acerca de um eventual incumprimento por parte dos vice-campeões nacionais das regras do regime de ‘fair play’ financeiro da UEFA, no período compreendido entre outubro de 2023 e janeiro.
“Ainda esta semana tivemos novas notícias sobre incumprimentos. As perguntas ficaram novamente por responder: houve ou não incumprimento? Há ou não uma coima [de dois milhões de euros] a caminho? Há ou não risco de pena suspensa [de participação] nas competições europeias?” atirou, incidindo num dos negócios estruturantes abordados na missiva que dirigiu à administração da SAD liderada por Pinto da Costa em 14 de março.
Na segunda-feira, o FC Porto negou que tenha infringido ou que possa estar em risco de incumprir o ‘fair play’ financeiro, assegurando que cumpria todos os requisitos em 31 de março e que já recebeu a licença para competir nas provas europeias da próxima época.
Em resposta por escrito à agência Lusa, fonte oficial da UEFA afirmou “não ter nenhum comentário ou informação a dar nesta altura” sobre a situação financeira ‘azul e branca’.
“É falso que o FC Porto incumpriu em determinados períodos, mas não nesses. Essa é a questão e faltam-nos respostas. Ninguém se desloca à UEFA para tomar café. Estamos muito preocupados. Todos vimos o presidente agarrado de uma forma muito tática a um comunicado, mas há essas questões muito fáceis de responder. Parece-nos que poderá haver uma surpresa negativa a caminho, o que é muito grave”, notou André Villas-Boas.
As eleições dos órgãos sociais do FC Porto para o quadriénio 2024-2028 são disputadas por três candidaturas, encabeçadas pelo atual presidente ‘azul e branco’, Pinto da Costa (lista A), André Villas-Boas (B) e Nuno Lobo (C), empresário e professor, incluindo ainda uma lista independente ao Conselho Superior comandada por Miguel Brás da Cunha (D).
“Ontem [na quarta-feira], tivemos a informação de que, neste momento, apenas cerca de 40.000 sócios já estão com capacidade eleitoral. Ou seja, 30.000 têm a quota [de março] para regularizar. É importante baixar esse número massivo para que estas se tornem as eleições mais concorridas de sempre. Na verdade, muitas pessoas votarão pela primeira vez e poderemos estar perante um caos operacional para a renovação de quotas, que as pode impedir de fazer essa regularização no próprio dia”, alertou o ex-treinador do clube.
O ato eleitoral decorre em 27 de abril, das 09:00 até às 20:00, no Estádio do Dragão, no Porto, numa altura em que Pinto da Costa está a cumprir o 15.º mandato seguido, desde 1982, detendo o estatuto de dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial
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