O presidente do Vitória de Guimarães, António Miguel Cardoso, confirmou hoje a saída do treinador Álvaro Pacheco a ‘custo zero’, após aceitar pedido de demissão, na terça–feira, e adiantou que Rui Cunha treina interinamente a equipa de futebol.
Em conferência de imprensa, no Estádio D. Afonso Henriques, o dirigente alegou que a demissão do treinador de 52 anos, cujo contrato se estendia até 2025, é o culminar de uma série de acontecimentos desde que o agente do Álvaro Pacheco lhe comunicou a intenção de uma reunião com o presidente do Cuiabá, Cristiano Dersch, em 28 de abril, quando a equipa vitoriana ainda estava na luta pelos três primeiros lugares na antecâmara das três últimas jornadas da I Liga de futebol.
“O presidente do Vitória Sport Clube foi contactado pelo representante do treinador Álvaro Pacheco, informando-o de que o treinador apresentava a sua demissão, com efeitos imediatos, o que, atento as circunstâncias, foi aceite (…) O treinador sai a custo zero. Perante estes factos, perante um treinador que, a três dias do último jogo da época [com o Arouca], o Vitória não pode ficar refém de uma situação destas. Queríamos preocupar–nos em ter alguém preocupado com o emblema. Sentimos que não iria ser com Álvaro Pacheco”, adiantou o responsável máximo dos vitorianos.
Sem esclarecer se Rui Borges, treinador do Moreirense, é o alvo para a temporada 2024/25, António Miguel Cardoso referiu ainda que Rui Cunha, um dos treinadores adjuntos que já fazia parte da estrutura vitoriana antes da contratação de Álvaro Pacheco, vai orientar a equipa na visita ao Arouca, às 15:30 de sábado, na 34.ª e última ronda.
O presidente vitoriano afirmou não se ter oposto à realização da reunião entre o técnico e o responsável do Cuiabá, 20.º e último classificado do principal campeonato brasileiro, desde que “acontecesse de forma discreta e totalmente sigilosa”.
Ao ser confrontado, a par de outros dirigentes, com a fotografia do treinador na rede social de “um sobejamente conhecido restaurante de Lisboa”, na manhã de 30 de abril, com uma mensagem a sugerir que poderia rumar ao Brasil, António Miguel Cardoso afirmou ter ligado, de imediato, ao representante do treinador para lhe dar conta do desagrado face ao “completo desrespeito pelas condições acordadas”.
António Miguel Cardoso disse também que perguntou ao dito representante se o técnico queria continuar no Vitória ou “desvincular-se de imediato”, com a resposta a dar conta da vontade de Álvaro Pacheco abandonar o Vitória no final da época.
O responsável máximo dos vimaranenses criticou ainda o ‘timing’ da reunião, que disse não saber de antemão, pelo facto de ter levado Álvaro Pacheco a faltar a um evento com “o objetivo de fortalecer o grupo de trabalho e os seus laços emocionais”, comunicando essa ausência a apenas um dos capitães, “alegando motivos pessoais”.
O dirigente criticou também o facto de o treinador ter abordado, em 30 de abril, os adjuntos da equipa principal que já pertenciam à estrutura antes de chegarem ao clube para o acompanharem na futura equipa técnica ao serviço do clube brasileiro e as várias reuniões por videoconferência com responsáveis brasileiros sem o seu conhecimento.
Confirmada a saída de Álvaro Pacheco, após as derrotas frente ao Rio Ave (2–1) e ao Sporting de Braga (3–2), que afastaram o Vitória da hipótese de ir além do quinto lugar, António Miguel Cardoso considerou que esta série de acontecimentos teve “impacto no rendimento” dos jogadores e lamentou mesmo o sucedido, tendo instado Álvaro Pacheco a pedir desculpa ao clube.
“Entendemos que o Álvaro tenha uma preocupação em relação à próxima época, mesmo financeiramente. Mas as coisas têm de ser feitas de determinada forma. Há que pedir desculpa ao emblema. Lamento que não o tenha feito. É surreal que a direção do Vitória permitisse ao Álvaro faltar a um evento do clube para se encontrar com dirigentes de outro clube num restaurante”, disse.
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