A UEFA baniu o Manchester City das competições de futebol por duas temporadas e aplicou uma multa de 30 milhões de euros aos campeões ingleses, acusados de violarem o fair-play financeiro.

Tudo começou com o 'Football Leaks'

O organismo que rege o futebol europeu tinha aberto uma investigação aos 'citizens', através da Câmara Adjudicatória do Comité de Controlo Financeiro de Clubes (CFCB), por “alegadas violações do ‘fair play’ financeiro”, a 7 de março de 2019. A câmara de investigação, independente do comité do organismo de cúpula do futebol europeu, decidiu “abrir uma investigação formal a potenciais violações das regras de ‘fair play’ financeiro”.

A decisão surge na sequência da divulgação de correspondência do emblema inglês por “vários meios de comunicação social”. O jornal alemão Der Spiegel publicou uma série de documentos, depois de várias denúncias relacionadas com os arquivos do 'Football Leaks', que apontam para uma 'injeção' de dinheiro no clube por parte do dono, Sheikh Mansour, acima do que é permitido pelas regras europeias, referindo-se ainda aos contratos de patrocínio do campeão inglês.

Manchester City banido das competições europeias por dois anos
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O Manchester City, detido desde 2008 por um membro da família governante de Abu Dhabi, foi, juntamente com os franceses do Paris Saint-Germain, alvo de notícias com base no ‘Football Leaks’ (investigação que denuncia operações obscuras no futebol mundial), segundo as quais celebrou contratos de patrocínio sobrevalorizados.

De acordo com o 'New York Times', o clube inglês é suspeito de ter entregue relatórios financeiros falsos e informações erradas dos valores recebidos em patrocínios ao organismo que gere o futebol europeu, de forma a contornar as regras impostas para todos.

Estes documentos, acrescenta o New York Times, mostram as 'técnicas' dos citizens para tentar disfarçar as injeções de dinheiro por parte de uma empresa de investimento apoiada pelos Emirados Árabes Unidos e, assim, contornar as regras do fair-play financeiro da UEFA. O 'New York Times' explica ainda que vários funcionários do organismo temem que a reputação da UEFA seja afeta caso não tenham mão pesada nesta investigação. A hipótese de afastamento do City da Liga dos Campeões estava 'em cima da mesa', como veio agora a ser confirmado.

City saúda investigação da UEFA

No mesmo dia em que saiu a decisão, o Manchester City reagiu, sublinhando que a investigação da UEFA era “bem-vinda” uma vez que as acusações de que é alvo eram falsas.

O emblema explicava que a investigação iria permitir “encerrar a especulação que resulta de um ataque informático ilegal” e da “publicação de ‘e-mails’ do City fora do contexto”. Em comunicado, o clube inglês diziz ainda ter publicadas as suas contas e que as acusações de irregularidades eram “totalmente falsas”, na sequência das notícias veiculadas pelo jornal alemão Der Spiegel.

No início, o caso esteve entregue à Comissão de Controlo Financeiro de Clubes (ICFC), órgão de supervisão da UEFA sobre questões relacionadas com o ‘fair-play’ financeiro, mas, a 16 de maio de 2019, esta comissão “decidiu enviar o processo de volta ao tribunal [Câmara Adjudicatória da Comissão de Controlo Financeiro de Clubes], após as conclusões da investigação”, refere o organismo.

"A Câmara Adjudicatória da Comissão de Controlo Financeiro de Clubes (ICFC) abriu uma investigação ao clube inglês em 07 de março, sobre possíveis violações das regras do ‘fair-play’ financeiro, após notícias difundidas por vários meios de comunicação social”, relembra o comunicado da UEFA.

TAS recusa julgar caso

A 06 de junho de 2019, o Manchester City recorreu ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), já a temer uma possível condenação ao nível da UEFA por violação de 'fair-play' financeiro, e que implicaria a exclusão das provas da UEFA. O TAS, que confirmou nesse mesmo dia a entrada desse recurso, explicava que iria abrir um processo de arbitragem e que não daria mais informação sobre o caso até que fosse tomada uma decisão pelo painel de árbitros a constituir.

Mas a 15 de novembro, o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), informava que se recusava a analisar o caso porque não podia interferir nessa mesma investigação por esta ainda não ter sido encerrada.

"Um apelo contra decisões de uma federação, associação ou organismo desportivo deve ser entregue ao TAS se o recorrente tiver esgotado as outras vias de recurso legais disponíveis", pode ler-se numa nota difundida pela imprensa internacional.

Hoje saiu a decisão que o City diz já esperar: está fora das provas da UEFA nos próximos dois anos. Concluída a investigação pela UEFA, o caso já pode ser apreciado pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), para onde o Manchester City já avisou que vai recorrer.