Jamor, Maio de 2025, onde o futebol se mistura com entremeadas e cachecóis a fazer sombra. Numa mata onde se bebe mais cerveja em meia dúzia de horas do que na Queima das Fitas em 8 dias, Benfica e Sporting decidiram brindar-nos com um daqueles clássicos à moda antiga: polémica, emoção, VAR de plantão e um pisão que ainda ecoa na cabeça do Belloti e na alma dos benfiquistas.
O Benfica começou bem. Bruno Lage, a meio caminho entre guru tático e terapeuta de grupo, criou uma teia de onde o Sporting não se conseguia libertar, parecia o 'Frodo' no Senhor dos Anéis com a temível 'Shelob'. Pelo meio o Benfica ainda mandou uma bola ao poste, quer dizer, quem a mandou foi Rui Silva que fez uma daquelas defesas assombrosas, ou seja, do outro mundo!
A segunda parte começa basicamente com o golo do Benfica, um tiro do Kökçü de fora de área, onde Rui Silva nem que deixasse crescer as unhas durante ano meio a conseguiria apanhar.
O que se seguiu depois, foi uma aula de contenção benfiquista. Bola para trás, relógio a andar, e o Otamendi tranquilo porque, afinal, já tinha deixado o aviso na antevisão: “não se perca tempo.” O universo ouviu... e decidiu devolver com juros: 90+10 minutos de compensação, um penálti caído do céu, e Gyökeres a fazer o empate com uma frieza escandinava que gelou até o pernil na mata.
Tudo patrocinado pelo menino de ouro Renato Sanches.
Antes disso, aos 94 minutos, com o Benfica ainda na frente, Matheus Reis deu o ar da sua graça — ou melhor, da sua bota. Pisão monumental ao Belloti, que ficou a conhecer melhor os pitões do que a bola. O VAR se viu fez que não viu, ninguém morreu nem era escândalo diplomático, seguiu-se jogo. No Jamor, até a justiça tem piquenique.
No prolongamento, Harder e Trincão fizeram o resto: desmontaram a defesa encarnada como quem desmonta uma tenda depois do festival. Rui Borges, que chegou em dezembro e parecia um figurante de passagem, acaba a época como domador de leões e dono de um futebol que começou ao tropeções e acabou em dobradinha à moda de Mirandela.
Do lado do Benfica, é hora de fazer contas. Bruno Lage pareceu perdido entre substituições e silêncios, enquanto Rui Costa olhava para a relva como quem vê a presidência a fugir-lhe com a mesma velocidade com que o Trincão fugiu à defesa encarnada. A recandidatura, essa, vai precisar de um milagre, de uma limpeza interna... ou de outro penálti a favor do Sporting para distrair os sócios.
Na mata do Jamor, o povo cantou, assou bifanas e discutiu se o golo aos 90+10 foi justo. A única certeza? No Jamor, ganha quem joga mais... ou quem souber que o tempo nunca está realmente a acabar. No caso dos sportinguistas e dos festejos, não o perderam, prolongaram.
Nos próximos dias irão sair às análises às prestações dos três grandes nesta época desportiva, fiquem atentos.
Viva o futebol!