O piloto italiano Enea Bastianini (Ducati) venceu hoje o Grande Prémio do Qatar de MotoGP, prova de abertura do Campeonato do Mundo de Velocidade em motociclismo, na qual o português Miguel Oliveira (KTM) desistiu por queda.

Bastianini, conhecido com ‘A Besta’, gastou 42.13,198 minutos para cumprir as 22 voltas ao circuito de Losail, deixando na segunda posição o sul-africano Brad Binder (KTM), a 0,346 segundos, enquanto o espanhol Pol Espargaró (Honda) cometeu um erro quando foi ultrapassado pelo vencedor e concluiu a prova na terceira posição, a 1,351.

O dia foi de azar para Miguel Oliveira, que até começou bem, chegando ao 12.º lugar depois de partir da 14.ª posição da grelha.

Nas escaramuças iniciais, viria a descer novamente para 14.º, até que, no início da 11.ª volta, quando procurava ultrapassar o italiano Francesco Bagnaia (Ducati), acabaria por cair no final da reta da meta, ainda que sem consequências físicas.

Na frente da corrida seguia, desde praticamente o início, o espanhol Pol Espargaró, que ultrapassou o seu companheiro de equipa e compatriota Marc Márquez (Honda) ainda na primeira volta.

Espargaró manteve a liderança até à 18.ª volta, altura em que foi apanhado pela ‘Besta’ italiana, de 24 anos.

Bastianini, que é produto da academia de pilotos do já retirado Valentino Rossi, até partiu da segunda posição da grelha, mas rapidamente se viu engolido pelo pelotão, terminando a primeira volta na quinta posição.

Foi a partir daí que encetou o ataque. Primeiro, desenvencilhou-se do espanhol Joan Mir (Suzuki), campeão em 2020, na quinta volta.

Seguiu-se Marc Márquez, seis vezes campeão entre 2013 e 2019 (só falhou o campeonato de 2015), a não resistir à investida do piloto da Ducati privada, da equipa do malogrado Fausto Gresini, que não resistiu à pandemia de covid-19, falecendo em 2021.

A vÍtima seguinte seria o companheiro de equipa de Miguel Oliveira. Brad Binder ainda resistiu seis voltas, antes de cair nas garras da ‘Besta’ italiana, como está escrito no capacete do piloto transalpino.

O ataque à liderança demorou mais cinco voltas, com Bastianini a aproximar-se como um comboio em andamento, sendo consumado no final da reta da meta, a maior do campeonato, com 1.064 metros de extensão.

Um comprimento que, ainda assim, ficou curto para Espargaró, pois o piloto da Honda ainda tentou atrasar a travagem, acabando por ter de sair de pista. O erro custou-lhe a segunda posição, pois Brad Binder não enjeitou a oferta.

Mal cortou a meta, Bastianini desfez-se em lágrimas, juntamente com todos os elementos da equipa.

“É incrível. Quando apanhei o Pol, sabia que podia tentar vencer a corrida. Dedico esta vitória ao Fausto. Ele ajudou muito do Céu. É fantástico para a equipa. Acho que chorámos todos”, disse, no final, ainda emocionado.

Esta é a primeira vitória de Bastianini na categoria rainha, sétima da carreira no Mundial de Velocidade (tem mais três em Moto2 e três em Moto3), na segunda época em que disputa o Mundial de MotoGP, depois de se ter sagrado campeão de Moto2 em 2020.

Uma vitória com sabor português porque um dos patrocinadores principais da equipa Gresini é uma empresa de sistemas sanitários de Aveiro.

Bastianini acabou por ser a ‘Bela’ do monstro Ducati, que perdeu quatro pilotos nesta corrida devido a quedas, incluindo os dois oficiais Francesco Bagnaia e Jack Miller, com a agravante de Bagnaia ter levado consigo ao chão o espanhol Jorge Martin, autor da ‘pole’.

Para além dos quatro homens da Ducati, abandonaram ainda Miguel Oliveira e o espanhol Alex Márquez (Honda).

Nota ainda para o quinto lugar do espanhol Marc Márquez (Honda), que chegou a liderar nos primeiros momentos da prova, mas que, depois, não aguentou o ritmo dos da frente, e para o nono do francês Fábio Quartararo (Yamaha), campeão em título, a mostrar que a Yamaha precisa de evoluir para renovar o cetro.

Já em Moto2, a vitória coube ao italiano Celestino Vietti (Mooney VR46) enquanto, em Moto3, ganhou o também italiano Andrea Migno (Honda).

A próxima ronda será na estreia do GP da Indonésia, a 20 de março.