O Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) recebeu pedidos de acolhimento de cinco modalidades, em representação de quase 20 atletas e técnicos ucranianos, nos Centros de Alto Rendimento (CAR) lusos.

“Sabemos que há pedidos relacionados com a natação, badminton, xadrez, atletismo e ténis de mesa. Os CAR que vão estar ativados serão os do Jamor, Rio Maior, Caldas da Rainha e talvez Vila Nova de Gaia. Não sei ainda onde é que os atletas do xadrez irão ficar, mas o processo está a iniciar”, explicou à agência Lusa o presidente do IPDJ, Vítor Pataco.

Em parceria com a Fundação do Desporto e os municípios dos CAR, o IPDJ revelou na quarta-feira que vai disponibilizar as 14 infraestruturas espalhadas em Portugal para auxiliar os desportistas ucranianos de elite afetados pela invasão da Rússia ao seu país.

“Há aqui um aspeto muito importante. Não estamos a acolher indiscriminadamente, mas atletas que, em princípio, pertencem às seleções nacionais da Ucrânia ou estão no alto rendimento. O nível dos atletas está a ser aferido através dos canais normais, que são as federações desportivas locais e os comités olímpico e paralímpico”, frisou Vítor Pataco.

A Rede Nacional de CAR conta com instalações em Anadia, Aveiro, Caldas da Rainha, Golegã, Maia, Montemor-o-Velho, Peniche, Nazaré, Rio Maior, Viana do Castelo, Vila Nova de Foz Coa, Vila Nova de Gaia, Vila Real de Santo António e em Oeiras (Jamor).

Cada infraestrutura aporta valências diferentes, pelo que os atletas e técnicos ucranianos que optem por Portugal para receberem condições de treino, alojamento, alimentação e apoio logístico em paz e segurança deverão ser repartidos por regiões distintas do país.

Já hoje, à margem de uma visita à Escola Básica e Secundária de Caminha, o ministro da Educação, com a tutela do Desporto, confirmou os cinco pedidos ligados a atletas ucranianos, cuja permanência em Portugal durará o tempo que for necessário.

“Sabemos bem que na maior parte dos conflitos desta natureza, os países que os têm acabam por ter um vazio muito grande a nível de representação internacional através do desporto. A diplomacia desportiva faz-se pela representação destes atletas e por uma resposta inequívoca à Rússia e à Bielorrússia. As suas seleções não cabem no desporto enquanto continuarem com esta invasão à Ucrânia”, disse Tiago Brandão Rodrigues.

Em 08 de março, numa declaração conjunta, os ministros do desporto dos 27 países da União Europeia e de mais 11 nações, incluindo Austrália, Estados Unidos e Reino Unido, validaram todas as sanções aplicadas a atletas, clubes ou seleções que representem a Rússia e a Bielorrússia, incentivando também ações de apoio ao desporto ucraniano.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 549 mortos e mais de 950 feridos entre a população civil e provocou a fuga de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.