O presidente da Federação Equestre de Portugal assumiu hoje a surpresa pelo regresso da cavaleira Luciana Diniz à representação olímpica pelo Brasil, afirmando que o Comité Olímpico de Portugal (COP) será ressarcido dos apoios feitos na sua preparação.

“Estamos perfeitamente sintonizados e em linha com o COP e com o presidente José Manuel Constantino. Foi uma decisão tomada por nós e todas as verbas relativamente a esta atleta e a sua preparação têm obviamente de ser restituídas e vão ser”, assegurou Bruno Rente, em declarações à Lusa.

O dirigente acredita que a resolução do diferendo, de cerca de 13.000 euros, será pacífica, até porque continua a manter boas relações com a luso-brasileira, ainda assim assume que, “se tiver de ser o caso, a justiça fará o seu papel”.

“Obviamente que me surpreendeu um pouco a opção. Mantemos um bom relacionamento, mas foi uma decisão pessoal. E cada um tem de assumir as suas responsabilidades nas ações”, defendeu.

Bruno Rente reconheceu que as sucessivas trocas de nacionalidade em Jogos Olímpicos – Luciana Diniz representou o Brasil nos saltos de obstáculos em Atenas2004, depois fê-lo por Portugal em Londres2012 (17.ª classificada), Rio2016 (nona) e Tóquio2020 (10.ª), tendo agora anunciado que vai voltar à ‘canarinha’ – podem beliscar a moral do desporto.

“Nós que sentimos mais a bandeira, valores e pátria podemos sentir-nos mais beliscados”, disse.

Ainda assim, destaca a “gratidão da federação e do país” pelos dias em que a atleta honrou Portugal, recordando que o foco do elenco que preside está unicamente nos competidores “motivados e conectados com o projeto da federação, que sentem a bandeira e valores de Portugal”.

Em Paris2024 dá-se a coincidência de se celebrar o centenário da primeira medalha de Portugal em Jogos Olímpicos, precisamente através do desporto equestre, quando António Borges d’Almeida, Hélder de Souza Martins, Luís Cardoso Meneses e José Mouzinho d’Albuquerque garantiram o bronze no denominado Prémio das Nações.

“Cem anos depois gostaríamos de voltar a ser felizes e contribuir para o engrandecimento da pegada olímpica”, vincou, destacando, na corrida a Paris2024, os percursos de Duarte Seabra e Rodrigo Giesteira Almeida, numa ambição extensível a equipas de saltos de obstáculos e dressage.

A Lusa tentou um depoimento da atleta, mas sem sucesso.