O esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma) ‘selou’ hoje, sem mácula, o terceiro título seguido na Volta a Espanha em bicicleta, repetindo na 21.ª e última etapa o triunfo inaugural no contrarrelógio individual.

“Na vida há altos e baixos, mas é preciso ir sempre em frente. Tive um mau momento no Tour, um bom momento nos Jogos Olímpicos e agora desfrutei do princípio ao fim da Vuelta. Procuro sempre virar a página rapidamente. Cheguei bem aqui e apoiado pelos entes mais próximos e queridos”, disse aos jornalistas, na hora da consagração.

‘Rogla’ foi o mais rápido nos 33,8 quilómetros que ligaram Padrón a Santiago de Compostela, ao gastar 44.02 minutos, sendo o único a melhorar o tempo que parecia imbatível de Magnus Cort Nielsen (EF Education-Nippo), que ficou a 14 segundos.

“Foi um dia muito bom e três semanas maravilhosas. O contrarrelógio era muito difícil, mas desfrutei do apoio e concentrei-me na vitória. É incrível e uma loucura. Às vezes, ganhamos muito, mas outras vezes muito pouco. Enquanto puder ganhar, há que aproveitar. Não estou focado em números e estatísticas, mas no dia a dia”, concluiu.

O dinamarquês tinha sido o primeiro a baixar a fasquia dos 45 minutos, destronando o checo Josef Cerny (Deceuninck-QuickStep), e liderou a maior parte da tirada, mas foi impotente face ao recital do esloveno, conformando-se com a vice-liderança do ‘crono’, enquanto o holandês Thymen Arensman (DSM) acabou em terceiro, a 52 segundos.

Na geral, Primoz Roglic finalizou os 3.417 quilómetros da 76.ª edição da Vuelta, entre Burgos e Santiago de Compostela, em 83:55.29 horas, reforçando ainda esta tarde uma vantagem de 4.42 minutos sobre Enric Mas (Movistar), que dobrou a caminho da meta.

Apesar do nono posto no contrarrelógio, a 2.04 minutos, o espanhol ‘segurou’ o segundo lugar da geral e repetiu a prestação em 2018, avolumando também a diferença para o australiano Jack Haig (Bahrain-Victorious), terceiro, a 7.40 minutos, que tinha sido no sábado o principal beneficiado do polémico abandono de Miguel Ángel Lopez (Movistar).

Fora do pódio ficou o britânico Adam Yates, impedindo a INEOS de completar o pleno de pódios nas três principais corridas esta época, após a vitória do colombiano Egan Bernal na Volta a Itália e o terceiro lugar do equatoriano Richard Carapaz na Volta a França.

Roglic, de 31 anos, reeditou os êxitos de 2019 e 2020, igualando na galeria de campeões da Vuelta o suíço Tony Rominger e o espanhol Alberto Contador, todos com menos uma vitória do que o espanhol Roberto Heras, recordista de triunfos, com quatro troféus.

Seis semanas depois da medalha de ouro conquistada no contrarrelógio individual dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, o esloveno fixou-se em frente à catedral de Santiago de Compostela como o terceiro corredor da história da Vuelta a ganhar três vezes seguidas, depois de Tony Rominger (1992, 1993 e 1994) e Roberto Heras (2003, 2004 e 2005).

Nas restantes distinções individuais, o holandês Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep) vestiu a camisola verde de pontos, ao acumular 250, com vitórias na quarta, oitava e 16.ª etapas, menos uma do que Primoz Roglic, que tinha vencido este troféu em 2019 e 2020.

Com o prémio de montanha ‘selado’ na véspera pelo australiano Michael Storer (DSM), a etapa consumou as vitórias do suíço Gino Mäder (Bahrain-Victorious) e do dinamarquês Magnus Cort Nielsen nas categorias de juventude e combatividade, respetivamente.

Já a Bahrain-Victorious sobressaiu na tabela por equipas, ao alojar três ciclistas no ‘top-20’, numa prova em que viu o espanhol Mikel Landa desistir à 17.ª etapa.

O país anfitrião assinou mesmo o pior desempenho anual no cômputo das três ‘grandes voltas’, já que terminou as edições das voltas a Itália, França e Espanha sem qualquer vitória em tiradas e não ganha em casa desde o triunfo de Alberto Contador, em 2014.

O ‘crono’ marcou o fim da carreira profissional do italiano Fabio Aru (Qhubeka), de 31 anos, vencedor da Vuelta em 2015 e com dois pódios no Giro (terceiro em 2014 e segundo em 2015), ao ficar-se pela 51.ª posição da geral, a 2:49.04 horas de Roglic.

Já o português Nelson Oliveira (Movistar) foi 24.º no contrarrelógio e acabou no 72.º lugar um desempenho global esforçado, afetado pela queda na nona etapa, ao passo que Rui Oliveira (UAE Emirates) terminou em 74.º, após ter sido 68.º no exercício individual.