Doc Rivers, Scott Brooks, Stephen Curry e Steve Kerr foram algumas das estrelas da NBA que condenaram a invasão do Capitólio, em Washington, por parte de apoiantes de Donald Trump.

Esta quarta-feira, apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, enquanto os membros do Congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro. Na sequência das invasões, quatro pessoas perderam a vida.

Doc Rivers, treinador dos Philadelphia 76ers, foi o primeiro a reagir, lançando a questão que muitos americanos também colocaram? E se fosse negros a invadir a casa da democracia dos EUA?

"Vou dizer isto até porque acredito que pouca tem coragem de o dizer: já imaginaram o que podia acontecer se fossem negros a invadir o Capitólio?", questionou o técnico.

"Para mim, uma imagem vale mais que mil palavras, é algo que temos de ter em conta. Sem cães-polícias a atacar as pessoas, sem polícias a bater nos manifestantes, gente escoltada de forma pacífica para fora do Capitólio. Mostra que podes dispersar uma multidão pacificamente, acho eu", concluiu.

Stephen Curry, estrela dos Golden State Warriors, usou a sua conta no Twitter para atacar Donald Trump, recordando a posição do Presidente cessante dos EUA sobre o movimento 'Black Lives Matter'. Na altura, Trump apelidou os manifestantes de "violentos" e pediu que fossem todos presos. Por isso, Curry questionou se o atual presidente dos EUA iria dizer o mesmo sobre os seus apoiantes após estes invadirem o Capitólio.

"O gato comeu-te a língua?", questionou Curry.

Já o seu treinador, Steve Kerr, foi mais duro nas críticas. O homem que comanda os Warriors tem sido muito crítico com a presidência de Donald Trump e as suas posições relativamente ao racismo e a violência policial contra as minorias.

"As mentiras sobre o roubo das eleições que saíram da sua boca influenciaram diretamente e incitaram à invasão ao Capitólio. O que aconteceu é para recordar-nos que a verdade é sempre importante e que não se pode continuar a enganar as pessoas com mentiras permanentes durante mais de quatro anos de poder", criticou o técnico, antes do jogo com os Los Angeles Clippers, em San Francisco.

O jogo entre os Warriors e Clippers ficou marcado pelo protesto dos jogadores antes do início do encontro. Os atletas, que usavam camisolas de apoio ao movimento 'Black Lives Matter', ajoelharam-se durante o hino nacional dos EUA. O mesmo gesto foi repetido em Miami, antes do jogo entre os Heat e os Celtics. Um gesto também de protesto contra o que aconteceu no Capitólio.

Pelo menos quatro pessoas morreram na quarta-feira na invasão do Capitólio, em Washington, anunciou a polícia citada pela agência de notícias Associated Press (AP). A polícia da capital dos Estados Unidos usou armas de fogo para proteger congressistas e a AP já tinha dado conta da morte de uma mulher, alvejada no interior do Capitólio. A mesma força adiantou agora que mais três pessoas morreram no hospital. A mulher foi alvejada no início da quarta-feira quando a multidão tentou arrombar uma porta barricada no Capitólio, onde a polícia estava armada do outro lado. A mulher foi hospitalizada com um ferimento de bala e morreu mais tarde.

A polícia também deu conta de que tanto as forças de segurança, como os apoiantes de Trump utilizaram substâncias químicas durante as horas de ocupação do edifício do Capitólio. Quatro horas após o início dos incidentes, as autoridades declararam que o edifício do Capitólio estava em segurança.

Apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, na quarta-feira, enquanto os membros do Congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro.

A sessão de ratificação dos votos das eleições presidenciais dos EUA foi interrompida devido aos distúrbios provocados pelos manifestantes pró-Trump no Capitólio, e as autoridades de Washington decretaram o recolher obrigatório entre as 18h00 e as 06h00 locais (entre as 23h00 e as 11h00 em Lisboa).

O debate no Senado foi retomado pelas 20h00 (01h00 de hoje em Lisboa).

As reações ao ataque no Capitólio foram quase imediatas. A líder da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, defendeu que a certificação do Congresso da vitória eleitoral de Joe Biden iria mostrar ao mundo a verdadeira face do país.

O ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama considerou que os episódios de violência eram "uma vergonha", mas não "uma surpresa", dado a atitude de Donald Trump e dos republicanos.

O antigo Presidente norte-americano Bill Clinton também denunciou um "ataque sem precedentes" contra as instituições do país "alimentado por mais de quatro anos de política envenenada".

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os violentos protestos ocorridos no Capitólio foram “um ataque sem precedentes à democracia” do país e instou Donald Trump a pôr fim à violência.

Pouco depois, Trump pediu aos seus apoiantes e manifestantes que invadiram o Capitólio para irem “para casa pacificamente”, mas repetindo a mensagem de que as eleições presidenciais foram fraudulentas.

O governo português condenou os incidentes, à semelhança da Comissão Europeia, do secretário-geral da NATO e dos governos de vários outros países.