O selecionador nacional sénior masculino, William Bryant Voigt, reclama da Federação Angolana de Basquetebol (FAB) o valor de 20 mil dólares por mês (cerca de 18,5 mil de euros), estabelecido no contrato de trabalho celebrado em 2017.

Este valor, correspondente a 240 mil dólares americanos/ano, não inclui impostos, tratando-se, por isso, de receita líquida, de acordo com o Jornal de Angola, na sua edição desta quinta-feira.

Os encargos com os impostos são da responsabilidade da FAB, refere o contrato assinado pelo presidente demissionário do organismo, Hélder Martins da Cruz “Maneda”.

No documento lê-se que os valores descritos devem ser líquidos, livres de todos os impostos angolanos e pagos em dólares americanos, numa conta domiciliada nos Estados Unidos, indicada pelo treinador.

O vínculo de três anos, em vigor desde 1 de Outubro de 2017, com término a 1 de Agosto de 2020, após os Jogos Olímpicos de Tóquio (Japão), entretanto adiados para 2021 devido à pandemia da COVID-19, obriga a entidade empregadora a pagar o salário no primeiro dia de cada mês.

Lavrados documentalmente estão também os prémios. Por exemplo, no Campeonato do Mundo, realizado na China, em 2019, se a seleção angolana terminasse em oitavo lugar valeria ao treinador norte-americano a soma de 10 mil dólares.

Se terminasse nas três primeiras posições no Mundial e entre as quatro nos Jogos Olimpicos de Tóquio, o montante seria de 50 mil dólares.

Por cada vitória no Mundial e Jogos Olímpicos, o prémio seria de cinco mil dólares. Neste caso, a FAB reservava-se ao direito de atribuir outro bónus especial.

Entre as obrigações da FAB, ficou acordado entre as partes que esta deve fornecer ao treinador e família seguro médico, odontológico (não de natureza estética), de morte e invalidez, de acordo com o contrato a que o Jornal de Angola teve acesso.

Tinha de ser atribuído ao treinador um carro de marca Toyota, modelo Lexus SVU, para transporte pessoal, uma vivenda ou apartamento adequado e bem localizado, com conexão WIFI (Internet), TV, incluindo um pacote de televisão a cabo.

Todas as despesas referentes ao consumo de água, energia eléctrica, internet e similares deviam ser pagas pela FAB, exceptuando as contas telefónicas, cuja responsabilidade recaía ao selecionador.

Recorde-se que o treinador americano intentou uma ação judicial contra a Federação Angolana de Basquetebol junto do Tribunal Arbitral do Desporto, por incumprimento do contrato.

Atualmente, estima-se em cerca de 500 mil dólares o valor da dívida com o técnico, que se fazia presente no país apenas em vésperas de cada jogo da seleção nacional.

A FAB está a ser gerida por uma comissão de gestão coordenada pelo presidente do Comité Olímpico Angolano, Gustavo da Conceição, após Hélder Martins da Cruz “Maneda” ter-se demitido, alegando falta de apoio institucional e do empresariado nacional.