O clássico de ontem no Dragão foi sem dúvida o maior clássico a que já assisti.

Não me insultem já, dizendo que não foi um grande jogo ou que só houve um golo, porque nesses aspetos têm razão.
Mas, meus caros leitores, haverá algo mais clássico do que o clássico Sporting a perder dois jogos seguidos com os rivais? E que tal o clássico momento polémico antes do jogo? E o clássico estádio cheio? Ou então o clássico momento da queixa sobre a arbitragem? O clássico golo polémico? Para não falar do clássico cartão vermelho, do clássico mergulho, o clássico Sporting derrotado no Dragão, bem como clássico FC Porto vitorioso nos jogos grandes? Meus caros, nem num evento de carros clássicos se veem tantos clássicos. Admite que neste momento a palavra clássico deixou de fazer sentido na sua cabeça, certo? Clássico...

Quem esperava uma chuva de golos, dado o facto de o Sporting estar obrigado a marcar, teve de se contentar com uma chuva da mãe natureza. Chuva essa que carregou e bem o Dragão, antes e durante o jogo. Era tanta a chuva que não faltaram mergulhadores no relvado. A cada falta era ver os jogadores de ambas as equipas a mergulharem como se estivessem na luta pelas medalhas olímpicas. Quantos mais jogos entre equipas portuguesas vejo, mais fico com a ideia de que o Desporto mais parecido com o futebol é a natação.

Podemos dizer que foi um joguinho assim para o insosso, faltou ali muito sal. Na primeira parte, o Sporting foi tentando, o FC Porto foi aguentando e quando Amorim mexe na segunda parte, o Sporting desaparece do jogo. Deu a ideia de que Amorim estava a jogar "Jenga", aquele jogo de retirar pauzinhos que se joga com a família no Natal. Amorim escolheu mal as peças a retirar e o Sporting desmoronou.

Os mais críticos dirão que o Sporting não tem banco. Discordo. Se há coisa que o Sporting tem é bom banco, vejam bem o último acordo do Sporting para a recompra das VMOC's.

No lado do FC Porto, Sérgio Conceição via o jogo controlado, via a eliminatória controlada e lança Toni Martinez. Tal como numa tourada à espanhola, este espeta a espada no touro (leão) e termina com a eliminatória.

Realço ainda a exibição de Zaidu, que tantas vezes critiquei, mas que ontem encheu o lado esquerdo do FC Porto tal como a massa de enchimento tapa os buracos de uma casa.

Já Porro, que não queria que o leão terminasse o jogo sem cartões, decide então testar a resistência do tendão de Aquiles de Galeno. Foi uma entrada que deixaria Paulinho Santos orgulhoso, não fosse esta sobre um jogador do FC Porto. Deixo-vos uma lição de vida: atirem-se aos vossos objetivos como o Porro se atirou à perna do Galeno.

No final houve festa azul e desilusão verde. O velho Sporting está de volta e faz de bombo da festa dos rivais.

O clássico FC Porto está de volta ao clássico Jamor para jogar com um não tão clássico Tondela.