Quase nove anos depois, Portugal somou, frente à Sérvia, o quarto consecutivo sem ganhar em jogos oficiais. Depois do 0-0 em Itália e do 1-1 na receção à Polónia, no fecho da fase de grupos da Liga das Nações, a equipa das quinas iniciou a qualificação para o Europeu de 2020 com novo nulo, desta vez frente à Ucrânia, e mais um empate a um golo, com os sérvios, nesta segunda-feira. Este último resultado, então, sabe manifestamente a pouco, tendo em conta as inúmeras desperdiçadas ao longo da partida. Bastava concretizar metade e nem era necessário lamentar a saída de Ronaldo ou o penálti que o árbitro até viu mas acabou por não marcar. Ainda assim, apesar do querer, faltou acima de tudo um fio de jogo entre as várias individualidades em campo. E melhor critério no último terço.

Fernando Santos fazia três alterações em relação ao onze que enfrentou a Ucrânia: colocou de início Danilo, Rafa Silva e Dyego Sousa e prescindiu de Rúben Neves, João Moutinho e André Silva. Ou seja, só não mexeu na baliza e na defesa, apostando num 4x4x2, com Rafa no corredor esquerdo, Bernardo Silva à direita e Ronaldo e Dyego Sousa no ataque.

Por sua vez, a Sérvia deixava Luka Jovic, avançado emprestado pelo Benfica ao Eintracht Frankfurt, no banco de suplentes - Mitrovic foi a aposta inicial, com destaque ainda para a titularidade de Dusan Tadic, médio do Ajax que foi o grande herói na eliminação do Real Madrid da Champions.

Portugal entrou em campo com a intenção clara de marcar primeiro - aos 4' William rematou em excelente posição para o desvio de Spajic, após um momento de grande confusão na área da Sérvia - mas foi a Sérvia quem chegou à vantagem. Na primeira vez que chegou à área portuguesa, Gacinovic foi placado na área por Rui Patrício (o sérvio acabou por ter de ser substituído mais tarde) e Tadic (7') converteu com frieza a grande penalidade. Foi a segunda vez que o médio festejou na Luz - já o tinha feito pelo Ajax, frente ao Benfica, na Liga dos Campeões, em novembro do ano passado.

Em desvantagem, Portugal tentou várias vezes a sorte de longe, só que do outro lado estava um inspirado Dmitrovic, a negar o golo a Ronaldo, aos 9', e depois a Rafa Silva, aos 15'. A equipa das quinas voltaria a sofrer novo golpe, desta feita com a lesão de Cristiano Ronaldo. O avançado da Juventus foi atrás de um passe adiantado de Rafa e não aguentou o esforço, acabando por dar lugar a Pizzi.

Portugal chegou, ainda assim, ao empate, num lance fantástico de Danilo (42'), que assinou o seu segundo golo com a camisola das quinas, o primeiro em jogos oficiais.  O médio do FC Porto recebeu a bola na zona central, avançou no terreno e disparou um remate colocadíssimo, aproveitando a fraca pressão dos sérvios neste lance. A Sérvia ainda dispôs de dois lances mais perigosos na área portuguesa, ambos liderados por Tadic, mas a verdade é que a equipa de Fernando Santos fez por merecer a igualdade.

Na segunda parte, Portugal continuou a jogar da mesma forma: apostando demasiado nas alas e com pouca assertividade na zona de finalização. Fernando Santos decidiu mexer na equipa, lançando André Silva para o lugar de Dyego Sousa (exibição discreta do goleador do SC Braga). A partir daí, a Sérvia recuou ainda mais no terreno, e apesar de uma ou outra tentativa de fora da área, só aos 71 minutos Portugal esteve muito perto de marcar, com Pizzi a encostar para baliza já dentro da pequena área, após assistência de Bernardo Silva (um dos melhores em campo), mas um defesa sérvio acabou por afastar a bola quase em cima da linha de golo.

A partida ficou ainda marcada por um lance no mínimo estranho, ao minuto 74: Rukavina cortou a bola com o braço, após cabeceamento de André Silva, com árbitro da partida a assinalar grande penalidade para Portugal. O juiz acabou por reverter a decisão após consultar o assistente, mas, em vez de assinalar canto, já que a bola saiu pela linha de fundo, acabou por entregar a bola ao guarda-redes da Sérvia.

Portugal continuou a pressionar, com a Sérvia a não conseguir sair do meio-campo defensivo, mas não houve forma de chegar ao 2-1. A formação lusa chegou ao final da partida com um total de 28 remates à baliza dos sérvios (seis deles enquadrados), o que diz muito do que se passou em campo.

Com este resultado, Portugal continua sem vencer na defesa do título europeu e termina a dupla jornada com apenas dois pontos, ocupando o terceiro lugar do Grupo B, atrás do Luxemburgo, segundo com três pontos, e da Ucrânia, que lidera com quatro. A Sérvia segue na quarta posição com um ponto, tendo apenas um jogo.

Os melhores

Bernardo Silva: Beneficiou da entrada de Pizzi para ganhar mais liberdade no terreno. Correu, correu, e apareceu várias vezes com perigo na área a tentar servir os companheiros, ainda que sem sucesso.

William Carvalho: Já tinha estado a um bom nível frente à Ucrânia, e agora contra a Sérvia encheu o meio-campo. Nota alta para a forma como desempenhou as tarefas defensivas e como fez jogar a equipa.

Os piores

Dyego Sousa: Não correu da melhor forma a estreia a titular do avançado do SC Braga. Esforçado, sim, mas quase sempre alheio ao que a equipa procurava fazer. Acabou por dar lugar a André Silva aos 58 minutos, mas a sensação que fica é que podia ter saído mais cedo.

Árbitro: O polaco Szymon Marciniak foi o protagonista de um dos momentos do jogo, pelos piores motivos, ao apontar para a marca dos 11 metros por corte evidente de Rukavina com a mão, acabando por recuar na decisão (correta).

Reações

Fernando Santos: "O árbitro pediu-me desculpa pela grande penalidade mas agora não serve de nada"

Danilo: Há revolta, mas a equipa está de parabéns pelo jogo que fez"

Ronaldo: "O fiscal de linha está a 40 metros e toma a decisão pelo árbitro, é um pouco estranho..."

Cancelo: "Estou frustrado porque isto é gozar com o nosso esforço. O árbitro prejudicou-nos"

Pizzi: "Faltou fazer mais um golo e era justo, pelo que fizemos neste jogo"