O jogo entre Sporting e FC Porto, no sábado, da quinta jornada da I Liga portuguesa de futebol, vai ser o primeiro clássico em que o contestado cartão do adepto vai restringir o posicionamento de adeptos no estádio.

A portaria que implementou o cartão do adepto foi publicada em 26 de junho de 2020, mas o encerramento das bancadas ao público na época 2020/21, devido à pandemia de covid-19, adiou a sua efetividade.

Com a abertura dos recintos aos espetadores, agora a metade da capacidade, depois do arranque da temporada a um terço, começou a contestação a este novo dispositivo implementado pelo Governo, que visa permitir aos seus possuidores a presença nas zonas com condições especiais de acesso e permanência (ZCEAP), habitualmente ocupadas pelas claques dos clubes.

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“O cartão do adepto tem como função permitir o acesso às ZCEAP e o usufruto de condições especiais de acesso e permanência, sendo uma decisão individual de cada adepto a adesão e sua utilização. A utilização de tarjas, bandeiras gigantes, megafones e instrumentos produtores de ruído, bem como outras condições especiais, habitualmente associadas à cultura dos grupos organizados de adeptos (também conhecidos como “claques”), nos espetáculos desportivos das competições profissionais e outros que sejam considerados de risco elevado, apenas são autorizadas nestas zonas”, esclareceu a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD).

No sábado, o campeão Sporting recebe o vice-campeão FC Porto, com quem partilha, juntamente com o Estoril Praia, o segundo lugar do campeonato, a dois pontos do líder Benfica, no Estádio José Alvalade, um recinto em que a bancada sul era habitualmente ocupada pelas claques ‘leoninas’ e tem estado vazia nos jogos já disputados.

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“O adepto tem a opção de adquirir ingressos para zonas em que não é necessário o cartão do adepto, ou seja, para zonas que não a ZCEAP”, observou a APCVD, na mesma resposta à agência Lusa.

Também o FC Porto denunciou o processo de venda dos bilhetes para o clássico, esclarecendo os seus adeptos que não os iria comercializar por o Sporting só ter facultado ingressos para as ZCEAP, apenas passíveis de compra ‘online’, através de uma plataforma disponibilizada pelo clube visitado.

A APCVD confirmou o procedimento dos ‘leões’, recordando a redação da lei, segundo a qual o bilhete “é adquirido exclusivamente por via eletrónica junto do promotor do espetáculo desportivo, devendo a aquisição ser feita a título individual e com correspondência a um cartão de acesso a zona com condições especiais de acesso e permanência de adeptos”.

Questionada pela Lusa sobre o acesso dos portadores do cartão do adepto aos recintos, a APCVD acrescentou que “o sistema de controlo de acessos instalado em recintos desportivos, onde tenham sido criadas ZCEAP, deve permitir a leitura do cartão do adepto ou de título de ingresso que lhe está associado”.

“É, pois, da responsabilidade da entidade (organizador ou promotor) que efetua o controlo de acesso garantir que apenas o permite a titulares de cartão do adepto não interditado”, sublinhou a APCVD.

Até ao momento, foram emitidos cerca de 2.200 cartões de adepto. Com um custo de 20 euros e uma validade de três anos, o documento está disponível para maiores de 16 anos, mediante o registo na APCVD.

Para a sua obtenção são requeridos nome completo, morada, documento de identificação, número do documento de identificação, data de nascimento, número de identificação fiscal, endereço eletrónico, número de telefone e promotores de espetáculos desportivos que apoia.

Em causa está, ainda de acordo com a lei, "controlar e promover as boas práticas de segurança e combater ao racismo, xenofobia e intolerância nos eventos desportivos".

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