"Se calhar [o processo] foi mal orientado no princípio, pensando-se no rato da montanha e não efectivamente se o rato podia subir à montanha ou mesmo tinha lugar na montanha", disse o advogado à agência Lusa, à margem do lançamento do seu livro "Apitos Desafinados - escute, pare e olhe", que decorreu em Vila Nova de Gaia.
Para Gil Moreira dos Santos, "pelo caminho, houve muitas expectativas criadas, muitos incêndios", mas no final houve uma "correta aplicação da lei, afinal".
Com o seu patrocínio forense, o presidente do FC Porto foi ilibado na justiça convencional em todos os casos por corrupção desportiva, estando em desenvolvimento apenas um processo em causa de alegada fraude fiscal.
O advogado admitiu que alguns agentes processuais envolvidos no Apito Dourado "falharam porque efectivamente esqueceram que a Justiça, para ser bem administrada, precisa de ser serena, objectiva, não tendenciosa".
Gil Moreira dos Santos cita no livro uma alusão do escritor Aquilino Ribeiro ao "gáudio" que tinha o rei D. Pedro a administrar a Justiça. "E, apesar disso, ele ficou na história como o justiceiro, embora também como o cru", comentou o causídico.
"Apitos Desafinados - escute, pare e olhe" contém excertos de peças processuais do Apito Dourado e conexos, "a história vivida do processo", bem como alusões aos que se disse e se escreveu, quer nas peças processuais, quer em peças académicas, sintetizou o autor.
O livro abre com uma frase de Jesus aos fariseus, segundo o apóstolo São João: "se vós fosseis cegos, não teríeis culpa; mas, pelo contrário, vós dizeis: nós vemos. Fica, pois, subsistindo o vosso pecado".
Referindo-se ao remate do livro, Gil Moreira dos Santos contou que "a conversa acaba com um agradecimento" àqueles que o provocaram "e entre eles a comunicação social. Se não fosse alguma comunicação social, se calhar eu não tinha escrito o livro".
"Tentei que fosse um livro ao mesmo tempo de informação e para acabar com alguma deformação que entretanto foi difundida", sintetizou o advogado.
O processo Apito Dourado, sobre corrupção no futebol, foi desencadeado em Abril de 2004, altura em que o próprio Pinto da Costa chegou a ser detido em pleno tribunal de Gondomar.
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