O FC Porto goleou o Portimonense Z no último sábado mas foi no domingo que conquistou uma grande vitória. Como diria Paulo Sérgio, "já vi muitas equipas de chinelos com meia branca , no sofá, a tirar catotas do nariz e a colá-las no tampo da mesa da sala a ganhar mais jogos do que algumas equipadas no relvado." Depois de termos tido D. Dinis o Rei Lavrador que era Trovador, temos Paulo Sérgio, o Treinador Forcado que afinal era filósofo.

O Benfica levou para Alvalade a sua tática muito bem estudada. Daqui a uns tempos já ninguém se irá lembrar que Veríssimo utilizou o esquema "Leónidas", ou como dizemos por cá, estacionou o autocarro em frente à baliza. A verdade é que funcionou às mil maravilhas e nem nos seus melhores sonhos os benfiquistas sonhariam com uma exibição tão bem conseguida e olhem que o Sporting tentou adormecê-los.

Se o Benfica utilizou a tática do autocarro, já o Sporting utilizou a tática do Valdispert. Custa-me acreditar que não exista um Sportinguista que não tenha passado pelas brasas uns minutinhos no decorrer do jogo.

O Sporting perante este Benfica limitou-se a jogar a passo. Não deu para pontuar nem marcar um golinho mas deu para treinar uma hipotética peregrinação a Santiago de Compostela, para a agradecer o milagre de Fábio Veríssimo não ter expulsado Sarabia e Nuno Santos.

A tática do Valdispert do Sporting foi tão eficaz que terá adormecido o VAR. O Sporting jogou tão devagar, mas tão devagar que os realizadores de cinema irão começar a filmar em Sporting Motion em vez de Slow Motion.

O Benfica meteu o Sporting num colete de forças, defendia bem coordenado, parecia um relógio suíço, não falhando nenhum timing do jogo. Atacava pela certa e foi num desses ataques que Darwin marcou um belo golo, num lance em que Coates e Neto não ficam bem na figura.

O Sporting continuou a arrastar-se em campo tal como eu depois dos 35 anos nas discotecas a partir das três da manhã ou a partir do segundo whisky. As entradas de Ugarte e Slimani não mudaram o jogo e se se deslocarem agora a Alvalade, possivelmente ainda encontrarão o argelino perdido na grande área à procura da saída para os balneários.

Slimani e Paulinho estiveram tão perdidos em campo, que caso eu morasse em Lisboa, teria ido afixar folhetos nos postes de eletricidade, com as caras de ambos a dizer "Procuram-se, vistos a última vez nos bolsos de Otamendi e Vertonghen".

Pelo meio, tal como já disse em cima, Sarabia e Nuno Santos escaparam ao vermelho. O espanhol decidiu testar a qualidade do tecido das meias da Adidas do Benfica e o português decidiu testar a pele da cara de Gilberto. Em ambos os casos, os benfiquistas demonstraram a qualidade dos seus "produtos".

No final do jogo, Gil Dias marca o segundo e fecha definitivamente o campeonato para o FC Porto. Muitos já nem se recordariam que o Benfica tem um jogador chamado Gil Dias. Sim, tem, não é o moço das águas, nem tão pouco o apanha-bolas. Joga (não muito) mas mesmo assim o suficiente para conseguir o momento do jogo em que o Sporting falhou: o golo.

O FC Porto está a quatro pontos de voltar a ser campeão e, curiosamente, foi o Benfica a oferecer o campeonato ao FC Porto. Deixo a dúvida no ar: será que irá haver guarda de honra na Luz?