Não deixa de ser curioso que, em tempos de contenção económica motivada pela pandemia da COVID-19, o Benfica tenha revelado um investimento sem precedentes numa só temporada. O clube da Luz gastou um total de 98,5 milhões de euros em nove reforços, num defeso marcado pelo regresso de Jorge Jesus à Luz e na antecâmara das eleições para a presidência do clube.

No que toca a contratações, o destaque vai para Darwin Núñez, que se tornou no jogador mais caro de sempre do futebol português, com os 'encarnados' a desembolsarem 24 milhões de euros pelo avançado uruguaio, depois de um falhanço chamado Edinson Cavani. A contratação mais cara da história do futebol nacional é sintomática da fasquia milionária estabelecida pelo Benfica, apesar da eliminação precoce da Liga dos Campeões, bem longe dos investimentos de FC Porto (22 milhões de euros) e Sporting (17,5 milhões de euros).

Os outros reforços foram Everton Cebolinha (20 milhões de euros), Pedrinho (18), Luca Waldschmidt (15), Otamendi (15), Gilberto (3) e Helton Leite (1,5), Jan Vertonghen, que chegou a custo zero e Jean-Clair Todibo, cedido à última hora pelo Barcelona a troco de dois milhões de euros.

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Todibo chega à Luz na impossibilidade de garantir Rúben Semedo, jogador que interessava a Jorge Jesus, mas cuja contratação revelou-se impossível face às elevadas exigências do Olympiacos. O mesmo se pode dizer em relação a Bruno Henrique, outro pedido expresso do técnico 'encarnado', com quem já havia trabalhado no Flamengo, mas o negócio não chegou a bom porto.

De acordo com o site 'Transfermarkt', o Benfica foi o sexto clube que mais gastou no mercado de transferências do verão. As 'águias' investiram 98,5 milhões de euros no plantel, o que vale presença no 'top 10' de uma lista liderada pelo Chelsea, que gastou 247,2 milhões de euros.

Quanto a saídas, o Benfica emprestou com surpresa o jovem Tiago Dantas ao Bayern Munique, fixando a opção de compra nos oito milhões de euros, em moldes idênticos à cedência do avançado Carlos Vinícius, melhor marcador da última edição da I Liga, cuja cláusula ronda os 45 ME, dos quais três já foram liquidados pelo Tottenham.

Outros empréstimos incluíram os defesas Pedro Álvaro (Belenenses SAD), Pedro Pereira (Crotone) e Tomás Tavares (Alavés), os médios Alfa Semedo (Reading), David Tavares (Moreirense), Florentino Luís (Mónaco), Krovinovic (West Brom) e Nuno Santos (Boavista) e os avançados Cádiz (Nashville), Jota (Valladolid) e Yony González (LA Galaxy).

Rúben Dias liderou a tabela de vendas definitivas do Benfica, assinando pelo Manchester City a troco de 68 milhões de euros, bem distanciado do colega de setor Cristian Lema (Damac, dois ME) e do guarda-redes Ivan Zlobin (um ME), pronto a rever em Famalicão o avançado Dyego Sousa, que cessou a passagem pela Luz.

Esta quarta-feira, através da sua newsletter, as 'águias' explicaram a saída de Rúben Dias para os 'citizens'. "Entre os mais utilizados em 2019/20, saíram Rúben Dias, Tomás Tavares e Vinícius. No caso particular de Rúben Dias, há que referir a oportunidade de equilibrar as contas, dado o montante envolvido na transação. A alienação do passe de Rúben Dias por 68 milhões de euros (a que poderão acrescentar 3,6 milhões de euros mediante o cumprimento de objetivos do Manchester City) tratou-se da quarta transferência mais elevada neste defeso, a quinta maior de sempre no que respeita a defesas, e sobretudo alcançou um valor justo face à qualidade de um destacado atleta formado no clube", pode ler-se.

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O Benfica veio ainda esclarecer os vários empréstimos de jogadores formados no clube. "Nota ainda para o empréstimo de vários jogadores jovens (David Tavares, Florentino, Jota, Pedro Álvaro, Tiago Dantas e Tomás Tavares), obedecendo a uma política de valorização desportiva com vista à reintegração no plantel. E ainda de Vinícius, para o Tottenham, numa operação com contornos semelhantes à que resultou na transferência de Jiménez para o Wolverhampton", acrescenta o Benfica.

"Estas operações visam proporcionar aos jovens jogadores a oportunidade de jogarem, permitir que evoluam, adquirirem experiência e consolidarem o seu crescimento de forma a estarem mais bem preparados para representarem o Clube. Este foi, de resto, o caso de Diogo Gonçalves, que regressa agora ao clube após dois anos a jogar e evoluir noutras paragens", explica o clube 'encarnado'.

Com rescisão acordada ficaram Alex Pinto (Farense), Bruno Varela (Vitória de Guimarães), Chris Willock (QPR), Heriberto Tavares (Brest), Ljubomir Fejsa (Al Ahli) e Andrija Zivkovic (PAOK), que exigiu 1,8 ME pela saída e contribuiu para afastar os lisboetas dos 39,6 milhões de euros associados à entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões.

De ressalvar que a SAD liderada por Luís Filipe Vieira está entre os maiores investidores do verão, mas também entre aqueles que mais dinheiro garantiram com a venda de jogadores. Nesse ranking o Benfica surge na 9.ª posição, com uma receita de 76,42 milhões de euros.