O bailarico ainda agora arrancou e já somos brindados com o contagiante Vira do Minho, que por norma começa quente e acaba a ferver. O momento das equipas atribui um ligeiro favoritismo ao Vitória SC, mas o fator casa e o passado recente beneficia largamente os arsenalistas. Para dançar e sorrir no fim é preciso não tropeçar. Os conquistadores têm bailado com elegância e autoridade, o SC Braga ainda procura aprimorar a sua dança depois de um arranque ao pé coxinho, numa casa que costuma sorrir por último frente ao arquirrival.

O jogo deste domingo está marcado para as 20h30, naquela que será a partida cartaz da 5.ª jornada da I Liga. Com a certeza de que as voltas deste vira têm sido boas de dar, o vira minhoto vai virar pela 157.º vez.

Momento de forma

Comecemos pela equipa da casa. O SC Braga chega ao dérbi minhoto com dez jogos realizados esta época, já inevitavelmente marcada pela saída precoce de Daniel Sousa do comando técnico ao fim de quatro jogos oficiais (duas derrotas, dois empates). Chegou Carlos Carvalhal, um homem da casa, que prometeu trabalho. As coisas parecem ter encarreirado, mas se António Salvador desejava uma melhoria abrupta, não a teve. Desde a chegada de Carvalhal, os guerreiros do Minho ainda não perderam. Somam 4 vitórias e dois empates, precisamente nas últimas duas partidas. Frente ao Rapid, em Viena, para a Liga Europa (2-2). Em Barcelos, diante do Gil Vicente (0-0), na quarta jornada do campeonato, disputada antes da paragem para as seleções.

Será um autêntico teste de fogo à terceira passagem de Carvalhal pelo SC Braga, que ocupa o 6.º lugar com 8 pontos, menos 1 que o Vitória SC.

Os conquistadores chegam à Pedreira também com 10 jogos disputados esta temporada, embora com um saldo mais positivo, a roçar a perfeição. Apenas uma derrota entre nove triunfos fazem deste arranque da pré-época um marco histórico, reforçado com a entrada na Liga Conferência. É a primeira equipa portuguesa a disputar a recente competição da UEFA. No campeonato, ao longo de cinco jornadas, apenas uma derrota e logo com o recém-promovido AVS, em Santo Tirso (0-1). É a única mancha da equipa liderada esta época por Rui Borges, antigo técnico do Moreirense, equipa sensação da última época.

Os vimaranenses respiram confiança e o último triunfo diante do Famalicão (2-1), equipa até há bem pouco tempo no topo da tabela e já com uma vitória caseira frente ao Benfica. Os três pontos foram garantidos já ao cair do pano, mas este Vitória SC tem alma. Chega a Cidade dos Arcebispos motivadíssimo, descomplexado e aparentemente um passo à frente deste novo SC Braga, que apesar de tudo tem o peso do passado do seu lado, principalmente o mais recente, nos duelos caseiros.

Histórico de confrontos: Um pouco de matemática nunca fez mal a ninguém

Equilíbrio. É a palavra de ordem quando analisamos o histórico de encontros entre guerreiros e conquistadores. No computo geral, sem limitar o raio de pesquisa a qualquer competição, os números demonstram uma ligeiríssima vantagem para os arsenalistas. Em 156 jogos disputados, o SC Braga soma 63 vitórias (40%) contra 60 (38%) do Vitória SC. Empataram em 33 ocasiões (22%).

Se analisarmos exclusivamente os duelos ocorridos no escalão principal, agora denominada I Liga, outrora Língua Portuguesa ou Primeira Divisão, o cenário é muito idêntico. 52 vitórias para o SC Braga, 50 para o Vitória SC e 28 empates num total de 130 confrontos.

O equilíbrio é desfeito quando considerados os jogos no reduto do Braga, palco do jogo deste domingo. Dos 78 jogos, a equipa da casa venceu 46 vezes (59%), perdeu 15 (19%), empatou em 17 partidas (22%). Uma supremacia que, por curiosidade, é simetricamente replicada nos jogos entre as duas equipas no D.Afonso Henriques - 45 vitórias para os vitorianos, 17 derrotas, 16 empates. Números que demonstram bem o enorme peso do fator casa para ambos os emblemas sempre que se defrontam. Se tivermos em conta apenas os duelos em Braga a contar para a I Liga, pouco se altera percentualmente. 40 triunfos para os bracarenses (62%), 11 para os vimaranenses (17%) e 14 empates (22%).

Ao longo dos últimos anos, o crescimento do SC Braga relativamente ao seu arquirrival tem tornado evidentes as diferenças de investimento e gestão entre os dois emblemas. Uma realidade amplamente traduzida dentro das quatro linhas. Senão vejamos: nos últimos 20 duelos, o Vitória SC apenas venceu o SC Braga quatro vezes. Perdeu 12. Com especial destaque para uma sequência muito negativa para os vitorianos, que ficaram sem vencer os arsenalistas durante nove partidas, sendo que destas só empataram duas (2017 a 2022).

O último confronto aconteceu a 11 de Maio deste ano. O SC Braga venceu por 3-2, na Cidade Berço. Rony Lopes foi o herói da partida ao apontar o golo da vitória aos 90 minutos +3'. Um triunfo que ajudou a definir o terceiro lugar do campeonato, conquistado pelo SC Braga, acabando o Vitória SC por terminar a I Liga no 4.º lugar.

O que disseram os treinadores

Carlos Carvalhal: "Estou tão focado na minha equipa que não quero falar mais do que isso. Tivemos notícias espetaculares durante a semana [recuperação de jogadores lesionados], estamos muito concentrados, o foco é total em nós e sentimos que, nos momentos difíceis, a equipa consegue dar uma boa resposta”

Rui Borges: "É 50% para cada lado, até por ser um ‘dérbi’. Os jogos têm sido bastante equilibrados. O Vitória, à sua maneira, tem conseguido chegar um pouco acima e estar ao nível do adversário, com um outro caminho. […] Que seja um bom espetáculo, positivo dentro e fora do campo, dentro da rivalidade e da paixão de cada um. E queremos ser mais felizes do que o adversário".

Arbitragem

O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) nomeou o árbitro Luís Godinho, da AF Évora, para dirigir o dérbi minhoto. O juiz alentejano será coadjuvado por Rui Teixeira e Pedro Mota, enquanto Miguel Nogueira será o quarto árbitro. No VAR (Videoárbitro) estará Manuel Oliveira e o AVAR (Assistente do Videoárbitro) será João Bessa Silva.

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