O FC Porto voltou às vitórias para o campeonato ao bater em Rio Maior o Casa Pia por 1-2. As entradas fortes no início de cada uma das partes permitiram aos dragões chegar aos golos; contudo, em ambos os casos, os homens de Sérgio Conceição mostraram alguma (para não dizer muita) incapacidade em gerir a vantagem no marcador perante um Casa Pia que nunca virou a cara à luta e vendeu cara a derrota.

O jogo: Boas entradas, má gestão

Após bons resultados nos respetivos encontros, Gonçalo Santos e Sérgio Conceição resolveram repetir exatamente os mesmos onzes que fizeram alinhar nos seus últimos encontros, na esperança que tal voltasse a surtir efeito.

Depois de um arranque algo incaracterístico, o FC Porto lá foi convidado a assumir as despesas do jogo, começando gradualmente a empurrar o Casa Pia para o seu meio-campo. Com o avançar do relógio a intensidade dos azuis e brancos foi crescendo, e com ela surgiram as oportunidades.

Francisco Conceição deu o mote aos 11 minutos com um remate já dentro da área, dois minutos depois foi Pepe de cabeça a testar a atenção de Ricardo Batista, mais cinco minutos e Alan Varela atirou uma bomba do meio da rua que passou perto. Mas o rol de oportunidades não terminaria sem a mais flagrante com Pepê a disparar com estrondo à barra.

Em dez minutos o FC Porto criava um punhado de boas oportunidades e golo parecia apenas uma questão de minutos. Curiosamente, o mesmo chegou numa altura em que o Casa Pia procurava reagir e subir as suas linhas de pressão; tal permitiu a João Mário isolar Pepê que serviu Galeno para o 0-1 à passagem dos 31 minutos.

Mas engane-se quem pense que estava dado o mote para uma tarde tranquila para os dragões em Rio Maior. Com efeito, o golo sofrido não afetou de sobremaneira os gansos que souberam reunir forças e encetar uma reação.

A equipa da casa mostrou grande eficácia ao chegar ao empate no primeiro remate à baliza; após um canto, Soma insistiu e voltou a meter a bola na área, Tchamba ganhou de cabeça e serviu Nuno Moreira que, de primeira, fez o 1-1.

O inesperado golo sofrido caiu muito mal nos azuis e brancos que, até ao intervalo, passaram por autoinfligidas situações de aperto. Neste capítulo Soma foi um quebra-cabeças para os portistas, ameaçando por duas vezes consecutivas a baliza portista, onde Cláudio Ramos se mostrou à altura. Qualquer uma das equipas poderia ter ido para os balneários em vantagem.

Mas o intervalo acabou por fazer bem ao FC Porto, isto apesar da troca forçada de João Mário por Romário Baró. O dragão entrou mais agressivo e concentrado na segunda parte, não dando hipóteses de transição ofensiva ao Casa Pia, remetido mais uma vez ao seu meio-campo.

Tal como acontecera na primeira parte, a maior intensidade azul e branca voltou a dar dividendos; 56 minutos e uma boa jogada de entendimento pelo corredor central permite a Taremi servir Nico González que, do lado esquerdo da grande área, veio para o meio e rematou cruzado para um belo golo.

A partir daí o FC Porto terá entrado em modo de gestão, baixando a 'temperatura' do encontro, jogando mais na expetativa. Como sucedera aquando do primeiro golo sofrido, o Casa Pia tentou reagir, mas agora já com menos forças para o fazer. Perante esta situação, Gonçalo Santos foi refrescando a sua equipa, mostrando ambição ao desfazer o trio de centrais e procurar uma tática mais ofensiva.

As mexidas surtiram o seu efeito, até certo ponto. Os gansos passaram a ter mais bola e a aproximar-se da área azul e branca, sem que tal, contudo, fosse sinónimo de lances de perigo.

A ver a sua equipa demasiado recuada, Sérgio Conceição resolveu também fazer as suas alterações, fazendo entrar homens de ataque para empurrar a sua equipa para a frente. Os dragões voltaram a pegar no jogo e a chegar mais perto da área adversária, tendo criado boas oportunidades para aumentar a diferença por Nico e Gonçalo Borges.

Até final o FC Porto não passou por mais sobressaltos de maior, garantindo uma importante vitória na luta pelo pódio da Primeira Liga.

O momento: A magia de La Masia

O FC Porto entrou pressionante na segunda parte para tentar voltar à vantagem no marcador e acabou por alcançar a vitória através de um lance de inspiração de Nico González que, após passe de Taremi, fletiu da esquerda para o meio e fez o golo da vitória azul e branca.

O melhor: Um rico Nico

Depois de um longo período de adaptação, Nico González há muito que ganhou lugar cativo no meio-campo do FC Porto, mostrando estar um nível acima da concorrência interna pela posição.

Em Rio Maior, o espanhol foi sempre dos mais esclarecidos e consistentes ao longo dos 90 minutos, mostrando-se determinante nos momentos de transição ofensiva da equipa, e ajudando a tapar por completo os caminhos no corredor central, obrigando o Casa Pia a recorrer aos flancos.

A juntar ao seu papel coletivo, Nico brindou os espetadores em Rio Maior com um belo golo na segunda parte, tendo ainda ameaçado bisar já perto do fim.

O pior: Alas sem asas

Ao longo da partida, e perante o domínio do FC Porto no miolo, percebeu-se que a melhor maneira para o Casa Pia procurar acercar-se da área dos dragões seria através dos corredores. E se para tal efeito os gansos pareciam bem servidos no ataque, graças a Soma e Nuno Moreira, o mesmo não se pode dizer dos seus colegas de corredor.

Com efeito, Leonardo Lelo e Larrazabal raramente conseguiram combinar com os seus colegas para procurar desequilíbrios, mostrando muita desinspiração quando tais momentos surgiram. Para além disso, muitas foram as vezes que deixaram desguarnecidos os respetivos corredores, permitindo espaço para Galeno ou Francisco Conceição ameaçarem a área casapiana através de rápidas transições.

O que disseram os treinadores

Alexandre Santana, adjunto do Casa Pia

Sérgio Conceição, treinador do FC Porto

Veja o resumo do jogo