Gonçalo Cerejeira Namora é o advogado de Fernando Madureira, Sandra Madureira e Fernando Saúl, detidos na manhã desta quarta-feira no âmbito da Operação Pretoriano. Em declarações à Rádio Observador, o advogado falou das alegações do Ministério Público.

Caso pode levar a acusação de terrorismo, como aconteceu em Alcochete? "Não, e não podemos ignorar algumas coisas. O timing também não é de somenos e ninguém pode acreditar que isto é involuntário. O timing é calculado, calculista e persecutório. Obviamente faz parte de uma agenda para prejudicar uma instituição e uma pessoa em concreto. Não tenhamos panos quentes. Não se iluda quem pensa que com isto se quer justiça. Quem quer justiça não anda a impingir proteção policial a quem não a pede e mesmo a quem diz que dela não precisa."

Acusações do Ministério Público: "Vamos aos factos: estamos perante uma autêntica cabala sustentada numa fábula cinematográfica. Chamar cinematográfico é até elogioso. É uma fábula digna de novela rasca. Foram ignorados por completo nos factos em análise que já foram investigados pelo CFD de um clube, que já proferiu decisões de suspensão de sócios pelos factos ocorridos nessa AG, com sanções que vão de seis meses a um ano. Montar uma operação desta envergadura, em tempo recorde, com doses de criatividade, é inaceitável e incompreensível a todos os níveis. Não há factos que justifiquem detenções ou privação de liberdade. Querem montar um circo que só tem um objetivo. Têm é de ter a coragem de o assumir e escusavam de brincar com a liberdade das pessoas."

Está a dizer que objetivo é atingir Pinto da Costa? "A conclusão não foi minha, mas rapidamente chegaram lá. O que digo é que não há factos que justifiquem detenções. Querem montar um circo com um objetivo e quem levou com as consequências gravosas deste circo foram estes 12 arguidos, que estão privados de liberdade", concluiu.

Casos ocorridos na AG do FC Porto justificam ações da PSP? "Os factos que ocorreram naquela noite são de lamentar e inaceitáveis, não podem acontecer em lado algum. Posteriormente, houve uma AG em que todos os trabalhos foram conduzidos com a maior das normalidades. Esses factos foram analisados, foi produzida prova no âmbito do CFD da instituição desportiva, que tem de condenar os sócios e ver se cumprem ou não com os deveres estatutários. Se a PSP entendeu que deveria levar a cabo investigação, está no seu direito."

Atuação da PSP: "Não há motivo nenhum, muito menos nos factos descritos, para uma operação desta envergadura e muito menos para privação de liberdade dos cidadãos. Não há motivo para estas pessoas não terem sido interrogadas e recolhidos os seus depoimentos e terem sido constituídos arguidos com uma simples chamada, notificação ou mesmo uma visita de um órgão de polícia criminal. Não há motivo para arrombamento de portas, violência policial e detenção e algemarem filhos de toda a gente, para destruírem propriedade privada destas pessoas quando não havia nada para o sustentar."