Claudio Ranieri já tinha tentado preparar os adeptos: o incrível título conquistado pelo Leicester nada alterava nas ambições dos 'foxes' para a nova temporada. A equipa continuava a ter como primeiro objetivo a luta pela permanência, como sempre fora. Ranieri avisou, mas ninguém esperava que depois de uma equipa conseguir um feito tão notável esse regresso à luta habitual fosse tão real.

O ainda campeão inglês, que o será por mais uns meses, vai entrar na 25ª jornada do campeonato apenas um ponto acima da linha de água, arriscando mesmo cair para o segundo escalão. Ranieri, elevado ao estatuto de herói na última época, virou vilão para muitos. A contestação àquele que foi eleito o melhor treinador do ano pela FIFA sobe de tom e as críticas vão desde as demasiado frequentes alterações táticas até à alteração nas dietas dos jogadores.

No que toca ao sistema de jogo, as alterações na formação (de 4-4-2 para 4-3-3, para 3-5-2, para 4-2-3-1...) são criticadas pelos adeptos, assim como a instabilidade no meio-campo. Kanté saiu para o Chelsea e desde então que a saída do francês não foi efetivamente colmatada.

Quando as coisas correm mal, as teorias sobre as razões do insucesso multiplicam-se e neste caso chegam até a abranger a dieta dos jogadores. A partir de meados da atual temporada, Ranieri impôs mudanças nas ementas das refeições após os jogos. Segundo a imprensa inglesa, o italiano retirou da ementa os hambúrgueres de frango, prato de eleição do plantel, criando uma dieta composta essencialmente por massas.

Os jogadores deixaram ainda de ser premiados com pizzas nos jogos em que a equipa não sofre golos, o que já ocorreu por nove vezes. Segundo se relata, as mudanças repentinas nos hábitos alimentares afetou severamente o estado anímico dos atletas, com efeitos nocivos para a prestação coletiva da equipa.

O Leicester já emitiu uma nota pública de voto de confiança ao treinador italiano, mas para que Ranieri evite o despedimento terá quase certamente de conseguir o mínimo dos mínimos: garantir a permanência na Premier League. A tarefa não está fácil: a equipa é 16ª classificada, com 21 pontos, apenas mais um do que o Hull City, em clara ascensão a nível de resultados desde a chegada do português Marco Silva.