Vítor Pereira mudou-se para o Al Shabab, da Arábia Saudita, mas ao contrário do expectável, o treinador português atesta que a escolha deita em fevereiro deste ano não esteve relacionada com dinheiro.

"Eu não vim por dinheiro, ganhava mais no Brasil do que ganho aqui. Vim para a Arábia quatro meses para experimentar coisas que criei, precisava de as ver aplicadas. Criei muitos exercícios, mas precisava de entender se estes operacionalizavam o jogar que eu queria. Esta minha vinda para a Arábia serviu para eu voltar a provar a mim próprio que é possível pôr uma equipa a jogar bom futebol independentemente de ter qualidade cá em cima ou média", justificou o técnico no último dia do sexto Fórum Internacional da Quarentena da Bola.

A experiência no Brasileirão foi há pouco tempo, mas deixou marcas em Vítor Pereira, que lamenta a falta de tempo para fazer a equipa crescer em treino. "Lembro-me de alguns jogos, especialmente no Corinthians, que fizemos na Bolívia e na Colômbia... Houve um jogo na Colômbia em que fui a preparar o jogo durante a sete horas de viagem, sem interromper um minuto. Chegas a uma altura em que já estás em piloto automático e em que deixas de refletir sobre as coisas. Quando acabas uma época no Brasil sentes que estás no limite da tua energia. Treinar é muito difícil, o treino resume-se a um dia e muitas vezes é no dia antes do jogo. O Brasil desgasta", confidenciou.

As várias experiências acumuladas em países como Portugal, Alemanha, Grécia, Brasil e Arábia Saudita moldarama  forma como o treinador vê o futebol. Aliás uma das grandes alterações está ligada à forma como a equipa trabalha com bola.

"Eu achava que a velocidade de circulação de bola era fundamental às grandes equipas. Gosto de controlar o jogo e, antigamente, promovia isso no meu trabalho com o jogo a um/dois toques e com a circulação rápida. Só que cheguei à conclusão, através da observação das equipas que me inspiram, que depressa e bem não há quem. Ou seja, para conseguirmos acelerar o jogo no momento que consideramos certo, tem de haver alternância de ritmo. É muito assim que conseguimos acionar o nosso gatilho ofensivo", concluiu.