O piloto italiano Francesco Bagnaia (Ducati) venceu hoje o Grande Prémio de Barcelona de MotoGP, última prova da temporada, mas o terceiro lugar bastou para o espanhol Jorge Martin (Ducati) se sagrar campeão mundial pela primeira vez.

Bagnaia, que tinha conquistado os títulos de 2022 e 2023, partia com 19 pontos de desvantagem no campeonato e fez o que lhe competia, ao vencer a corrida, mas Martín, que só precisava de ser nono, também cumpriu, ao ser terceiro, a 3,810 segundos, ainda atrás do compatriota Marc Márquez (Ducati).

O português Miguel Oliveira (Aprilia), na despedida da equipa Trackhouse - em 2025 ruma à Pramac Yamaha -, fechou o campeonato com um 12.º lugar, na corrida que marcou o seu regresso à competição, após uma ausência de quase dois meses devido a lesão.

Saindo da ‘pole position’, Bagnaia não perdeu a concentração no arranque e segurou a primeira posição, enquanto Martín arrancou bem e saltou de quarto para segundo.

Contudo, viria a ser ultrapassado pelo espanhol Marc Márquez, que ainda discutia o terceiro lugar do campeonato com o italiano Enea Bastianini.

Com um lugar na estrutura oficial da Ducati a partir de 2025, ao lado de Bagnaia, Márquez evitou intrometer-se na luta pelo título, ao contrário do que fez em 2015, contribuindo decisivamente para o título do compatriota Jorge Lorenzo e para evitar o oitavo cetro do italiano Valentino Rossi.

Desta vez, Márquez evitou atacar o primeiro lugar de Bagnaia, sobretudo quando o transalpino cometeu um erro e saiu largo numa curva, a poucas voltas do final.

Martín sabia que não precisava de atacar e manteve-se a distância segura, isolado no terceiro lugar. Ainda esteve sob ameaça de Bastianini, companheiro de equipa de Bagnaia na Ducati oficial, mas o espanhol Aleix Espargaró (Aprilia) fez de fiel escudeiro.

Espargaró, que se despedia do campeonato nesta corrida, manteve um aceso duelo com Bastianini nas primeiras voltas, que serviu para deixar Martín mais folgado. Na sétima volta, o italiano cometeu um erro, baixando de quinto a sétimo.

Já Miguel Oliveira, que largou da 14.ª posição da grelha, subiu a 13.º na segunda volta e a 12.º na sétima, passando o espanhol Joan Mir (Honda), apesar das limitações no braço direito, intervencionado após a queda sofrida nos treinos livres do GP da Indonésia, em 29 de setembro, que lhe provocou múltiplas fraturas.

Bagnaia consumou a 11.ª vitória da temporada, marco que ninguém atingia desde Marc Márquez, em 2019. Apenas o espanhol tem mais triunfos numa mesma temporada (13 em 2014 e 12 em 2019), igualando o número conseguido por Valentino Rossi em 2002 e 2005.

A estes 11 triunfos ao domingo, Bagnaia soma sete em corridas sprint de sábado, que, ainda assim, foram insuficientes para conquistar o título.

Jorge Martín, que ganhou três corridas principais (Portugal, França e Indonésia), venceu também sete corridas sprint, chegando aos 508 pontos no campeonato.

Bagnaia, que em 2023 fora campeão mundial com 467 pontos, somou este ano 498, ficando a 10 do título, que seria o terceiro consecutivo.

“Ele mereceu o que aconteceu. Este dia é para ele, por isso não vou dizer mais nada”, sublinhou o italiano, no final.

Marc Márquez fechou o campeonato na terceira posição, a 116 pontos de Martín e com mais cinco do que Bastianini, que baixou ao quarto lugar. Miguel Oliveira foi 15.º, com 75 pontos.

Jorge ‘Martinator’ Martin celebrou o campeonato ao melhor estilo do filme Exterminador Implacável, com uma máscara de robô tal como a do filme protagonizado por Arnold Schwazneger.

“É incrível. Nem sei o que dizer. Comecei a chorar. Foi uma corrida muito emocional. Foi uma longa caminhada, com muitas quedas, muitas lesões”, lembrou Martín, que dedicou o triunfo a Valência, localidade que deveria ter acolhido esta última corrida, mas que foi vítima da tempestade DANA há duas semanas.

As receitas recolhidas por este Grande Prémio serão doadas às duas localidades da Comunidade Valenciana mais afetadas pelas cheias.