
Roland Garros despediu-se do “maior jogador da sua história”, com uma emocionante cerimónia de homenagem a Rafael Nadal, o antigo tenista que ficará permanentemente gravado no court Philippe-Chatrier e que hoje foi celebrado pelos seus grandes rivais.
Depois de uma cerimónia sem brilho no dia da sua retirada oficial, em 19 de novembro de 2024, o histórico espanhol voltou hoje a ‘casa’ para um último adeus ao torneio que definiu a sua carreira, à qual ninguém faltou, nem mesmo Roger Federer, Novak Djokovic e Andy Murray.
Roland Garros ‘pintou’ as bancadas da cor do pó de tijolo, a superfície onde o maiorquino foi rei durante uma ‘vida’ – dos seus 92 títulos, 63 foram conquistados em terra batida -, distribuindo t-shirts com a inscrição ‘Merci Rafa’ pelo público que lotou o court Philippe-Chatrier e entre o qual estavam, por exemplo, os espanhóis Carlos Alcaraz, Juan Carlos Ferrero, ou os franceses Yannick Noah e Jo-Wilfried Tsonga.
Com a família nas bancadas, Nadal entrou com um sorriso gigante no ‘palco’ onde conquistou 14 títulos, um recorde, não evitando emocionar-se ainda antes de a organização passar um vídeo com um pequeno resumo da sua gloriosa carreira na ‘catedral da terra batida’.
Exatamente no dia em que se assinalam 20 anos desde a sua estreia no quadro principal do ‘major’ parisiense, o vencedor de 22 torneios do Grand Slam chorou ‘embalado’ pelos aplausos e pelos gritos de ‘Rafa, Rafa’, começando por falar em francês.
Com um discurso preparado, revelou ter-se emocionado de cada vez que jogou naquele court, “o mais importante” do seu percurso, recordando “uma história incrível” que começou em 2004 – a primeira vez que esteve no complexo - e também as suas grandes rivalidades, com Murray, Djokovic e, “claro”, Federer, o suíço que foi o seu adversário número e que se tornou um grande amigo.
Nadal elogiou “um torneio único”, agradecendo a todos que nele trabalham, um agradecimento que estendeu, depois, aos amigos de toda a vida, aos patrocinadores, a todos aqueles que fizeram parte das suas equipas técnicas, nomeadamente àquele que foi o seu treinador mais marcante, o tio Toni Nadal, “a razão pela qual” chegou onde chegou.
“Quero que saibas que a minha gratidão por teres sacrificado tanto por mim é infinita. Foste o melhor treinador que podia ter tido”, disse, já sem conseguir conter as lágrimas.
Apesar de ter perdido “uma das folhas que tinha preparado”, continuou de improviso para dedicar as palavras mais especiais à família, nomeadamente à mulher Maria Francisca Perelló, reconhecendo que o último ano e meio não foi fácil, e aos pais e irmã, “os maiores pilares” da sua vida.
“Para acabar, obrigado França, obrigado Paris. Vocês ofereceram-me emoções e momentos que nunca poderia imaginar. Não imaginam quão gratificante é ser amado no local mais importante para nós”, declarou, recordando a honra que foi transportar a tocha olímpica na cerimónia de abertura de Paris2024.
O ‘rei da terra batida’ terminou o seu discurso agradecendo ao público por tudo aquilo que o fez sentir, antes de voltar a chorar com a entrada em court de pessoas, mais ou menos anónimas, que marcaram o seu percurso no torneio.
Inevitavelmente, à merecida cerimónia de despedida ao antigo número um mundial não faltaram os restantes membros do ‘Big 4’, com Federer, Djokovic e Murray a descerem à terra batida para abraçar o espanhol, quase a cumprir 39 anos.
“Depois de tantos anos a lutarmos, é inacreditável como o tempo muda a perspetiva das coisas. […] Quando acabamos a carreira, trata-se apenas de estarmos felizes com o que alcançámos”, salientou.
Para Nadal, a presença dos seus três grandes rivais neste dia “é uma grande mensagem para o mundo”.
“Mostrámos que podemos lutar sendo sempre bons colegas e respeitando-nos. Significa muito para mim que estejam todos aqui, deram-me momentos difíceis em court, mas desfrutei de ir ao limite para competir com todos vocês”, admitiu.
O maiorquino recebeu ainda um troféu especial, com alusão aos seus 14 títulos em Paris (2005-2008, 2010-2014, 2017-2020 e 2022) – é o único jogador a ganhar mais do que 11 vezes o mesmo Grand Slam -, antes da maior das surpresas.
‘Escondida’ no court, sob o pó de tijolo, foi por fim revelada uma placa que ficará permanentemente no Philippe-Chatrier e que replica a ‘pegada’ de Nadal, uma homenagem que muito emocionou ‘Rafa’.
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