A nível internacional, no que ao mundo do desporto diz respeito, 2024 ficou marcado pela despedida de Rafael Nadal, o segundo do ‘big-3’ do ténis mundial a pendurar a raquete, após o suíço Roger Federer.
Aconteceu em novembro, apropriadamente em Espanha, perante o seu público, durante a fase final da Taça Davis, ainda que, talvez, sem a pompa e a magia que se desejava.
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O adeus (anunciado)
Era uma adeus anunciado. Há muito que as lesões apoquentavam o lendário tenista espanhol, vencedor de 22 torneios do Grand Slam, incluindo 14 Roland Garros, campeão olímpico em 2008 e detentor de inúmeros recordes. O último título que conquistou foi, precisamente, o de Roland Garros, em 2022. Depois depois disso só conseguiu jogar mais uma final, também em terra batida. Foi já em 2024, em Bastad, e curiosamente no momento mais marcante do ano para o ténis português, com Nuno Borges a derrotar Rafa para erguer o seu primeiro título ATP.
O ano de 2024 começou com Nadal a falhar o Australian Open depois de perder logo no início de janeiro na terceira ronda do ATP 250 de Birsbane, torneio do qual saiu com queixas físicas. Isto depois de um 2023 em que, devido a lesões, tinha falhado praticamente toda a temporada.
O regresso à ação só se deu em abril, no Open de Barcelona, torneio que conquistou por 12 vezes ao longo da carreira. Mas desta feita não chegou longe. Ainda passou a primeira ronda, mas caiu na segunda, frente a Alex de Minaur. Era a preparação para Roland Garros, torneio para o qual, mesmo com tão pouco tempo de jogo, era apontado inevitavelmente como um dos favoritos.
Nessa preparação participou ainda em dois Masters 1000 de terra batida - Madrid e Roma - que venceu por inúmeras vezes ao longo dos anos. Caiu, porém, na segunda ronda no primeiro e na quarta ronda no segundo. E, em Roland Garros, o sorteio que acabou por não ser o melhor: pela frente, logo na primeira ronda, Rafa encontrou Sasha Zverev (que tinha vencido o Masters 1000 de Roma e que chegaria à final em RG) e perdeu em 3 sets.
Foi apenas a sua quarta derrota em 18 participações no Grand Slam parisiense. Mas foi o fim do sonho (ou da ilusão) de voltar a vencer o "seu" torneio uma última vez. No ar ficava a dúvida: teria sido a última vez que ali jogava?
O último sonho (Olímpico)
Havia, contudo, um outro sonho: os Jogos Olímpicos de Paris 2024 e a conquista de novo ouro olímpico (Nadal conquistou dois, um em singulares, em Pequim 2008, e outro em pares, em 2016), com o torneio de ténis a decorrer precisamente nos mesmos courts de terra batida onde se joga Roland Garros.
Em prol desse sonho, Nadal abdicou de marcar presença em Wimbledon. E na preparação para os Jogos, Nadal jogou apenas o tal torneio de Bastad, em terra batida, onde perderia então apenas na final de singulares para Nuno Borges.
Em Paris 2024 a expetativa era grande para ver o que Rafa iria fazer, quer em singulares, quer em pares, onde iria fazer dupla com o jovem prodígio Carlos Alcaraz. O sorteio do quadro de singulares voltou a não ser amigo e, depois de um triunfo na primeira ronda, na segunda ronda Nadal encontrou pela frente o arquirival Novak Djokovic. O sérvio, determinado a conquistar o seu primeiro ouro olímpico e claramente melhor em termos físicos (apesar de ter sido operado há pouco tempo) não deu hipóteses ao espanhol.
Nos pares, a dupla carinhosamente batizada de Nadalcaraz passou duas rondas, mas caiu à terceira. O derradeiro sonho de Nadal caía por terra e percebia-se novamente que o fim estava cada vez mais perto.
As últimas pancadas (na Taça Davis)
Nadal, ainda assim, recusou-se a adiantar o que o futuro reservava. não quis falar no fim da carreira. "Terminou uma etapa. Tinha estabelecido Paris 2024 como objetivo e esse ciclo acabou. Agora vou relaxar e, friamente, quando souber qual será a minha próxima meta, com raquete na mão ou não, informarei", disse apenas.
Em outubro, contudo, vinha a confirmação: Rafa ia pendurar as raquetes. "Olá a todos. Estou aqui para vos comunicar que me retiro do ténis profissional", anunciou, nas redes sociais, explicando que se despediria na final da Taça Davis, jogada em Espanha, seu país natal.
"A realidade é que os dois últimos anos foram difíceis. Não fui capaz de jogar sem limitações. É uma decisão que foi difícil e que levei algum tempo a tomar, mas nesta vida tudo tem um princípio e um fim. Penso que é o momento certo para colocar ponto final no que foi uma carreira longa e com muitos mais sucessos do que podia imaginar", acrescentou.
De imediato surgiram mensagens de tributo vindas de todos os quadrantes, com destaque para as deixadas pelos seus rivais eternos, Roger Federer e Novak Djokovic.
Ainda se pensou que Rafa iria jogar a Laver Cup, prova na qual Federer se tinha retirado dois anos antes, e a presença de Nadal chegou a estar programada, mas o maiorquino decidiu não jogar, por não se sentir a 100 por cento, preferindo resguardar-se para tentar ajudar Espanha a conquistar mais uma Taça Davis.
E chegámos então a novembro, com a Espanha a encontrar os Países Baixos nos quartos de final e Nadal a não conseguir evitar a derrota no seu jogo, contra Botic Van de Zandschulp. Alcaraz ainda empatou a contenda para os espanhóis, mas uma derrota nos pares ditou a eliminação e confirmou o fim da carreira de Nadal.
Sobra Djokovic (que viveu momento marcante em 2024)
Com a retirada de Rafael Nadal, a juntar à de Roger Federer em 2022, dos chamados Big 3 sobra então Novak Djokovic. E o sérvio viveu mais um ano marcante em 2024. A época não começou da melhor forma, falhando a conquista do Australian Open, afastado por Jannik Sinner nas meias-finais, com o jovem italiano e Carlos Alcaraz a afirmarem-se como os novos reis do ténis mundial, ao fim de 20 anos de domínio de Federer, Nadal e Djokovic.
Djoko não ganhou, efetivamente, qualquer título ATP em 2024. Mas acabou por conseguir, talvez, o triunfo que mais desejava e que lhe faltava no currículo: a medalha de ouro olímpica. Não foi fácil, com uma lesão nos quartos de final de Roland Garros que o levou a uma cirurgia ao joelho direito que parecia deitar por terra o sonho. Mas não: com uma recuperação impressionante, pouco depois estava a jogar em Wimbledon, onde chegou inacreditavelmente à final, perdida para Carlos Alcaraz (que já havia ganho Roland Garros).
E, de volta a Paris, para o torneio olímpico de ténis, Djoko esteve verdadeiramente imparável, conquistando o ouro com um triunfo impressionante sobre o mesmo Acalaraz. Os festejos e a forma como celebrou, em lágrimas, foram arrepiantes, não deixando ninguém que goste de desporto indiferente. Sem dúvida, um dos momentos marcantes do ano.
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