O cartunista australiano Mark Knight recebeu várias críticas por um cartoon da tenista Serena Williams e foi acusado de "racismo e sexismo", entre outros, pela escritora britânica JK Rowling, autora da saga Harry Potter.

No cartoon, publicado na segunda-feira pelo jornal "Herald Sun", vê-se Serena Williams com lábios muito volumosos e um aspeto masculinizado, a saltar sobre a sua raquete, durante o encontro que terminou na sua derrota na final do US Open no sábado. Perto da tenista está também uma chupeta

O ataque de ira de Serena Williams contra o árbitro Carlos Ramos na final do torneio nova-iorquino deu a volta ao mundo. A estrela norte-americana foi punida com uma multa de 17.000 dólares e denunciou o sexismo e os dois pesos e duas medidas no tratamento de homens e mulheres no ténis.

Serena Williams foi derrotada na final pela japonesa Naomi Osaka e perdeu a oportunidade de somar o seu 24º título de 'Grand Slam'.

"Não pode, simplesmente, deixá-la ganhar?", pergunta o árbitro a Osaka no desenho de Knight.

Conhecido pelos seus cartoons polémicos, o cartunista foi amplamente criticado, inclusive por parte um membro do Congresso americano.

"Parabéns por ter reduzido uma das maiores desportistas vivas a traços racistas e sexistas e por ter transformado outra grande desportista num acessório sem rosto", criticou a escritora JK Rowling.

Knight respondeu que também fez uma cartoon pouco amável de um tenista australiano, Nick Kyrgios, "que se comportou mal".

"Não misturei género no meu cartoon, é uma questão de comportamento", alegou Knight.

Michael Miller, CEO da News Corp Australasia, editora do "Herald Sun", defendeu o cartunista.

"As críticas contra o cartoon mostram que o mundo se tornou demasiado politicamente correto e não compreende o papel dos cartoons da imprensa e da sátira", afirmou.

"É preciso denunciar os maus comportamentos, qualquer que seja o desporto", completou.

O jornal "The Washington Post" considerou que o desenho é "racista".

"Knight desenha traços do rosto que refletem os cartoons desumanizantes tipo 'Jim Crow' (as leis que estabeleciam a segregação nos Estados Unidos), tão frequentes nos séculos XIX e XX", afirmou o comentador Michael Cavna.