Voltar a ter uma experiência profissional no estrangeiro é um objetivo na mente de Raffaele Storti e Jerónimo Portela, jogadores lusos que viram a participação na nova Superliga Americana de râguebi interrompida precocemente pela pandemia de covid-19.

Os jovens internacionais portugueses, de 19 anos, encontravam-se ao serviço do Peñarol, mas foram ‘obrigados’ a regressar a Lisboa antes do encerramento das ligações aéreas, quando estava disputada apenas a primeira jornada da competição lançada este ano pela confederação sul-americana para desenvolver o râguebi profissional no continente.

“Gostava de ter uma experiência fora, por isso é que fui para o Uruguai, mas não a vivi a 100% e, portanto, quero ter outra. Vai depender das propostas que tiver”, assumiu à Lusa Raffaele Storti, titular na derrota caseira do Peñarol (13-15), frente aos chilenos do Selknam, na jornada inaugural.

Já depois do regresso a Lisboa dos dois vice-campeões do World Trophy sub-20, a competição foi definitivamente adiada para o próximo ano, o que deixa no ar a incerteza sobre o regresso de ambos ao clube de Montevidéu, mas não trava as convicções de Jerónimo Portela.

“Foi uma experiência ótima e, tendo ficado a meio, gostaria de fazer mais uma. Talvez na Europa, pois também gostava de conciliar com os estudos e a seleção, mas nunca descartando a hipótese de voltar ao Uruguai”, assumiu Portela.

A universidade é uma preocupação de ambos os estudantes de Engenharia e Gestão Industrial (Instituto Superior Técnico), no momento de tomar uma decisão sobre o futuro, mas também uma eventual chamada à seleção nacional, que começa no próximo ano a qualificação para o Mundial de 2023, em França.

Storti admite que esse fator “também vai pesar” e só tomará uma decisão depois de “falar com os treinadores e com os pais”, assim como Portela, que lamenta “ter falhado os jogos da seleção”, mas sem lugar a arrependimentos.

“Nunca tínhamos experimentado ser profissionais, a pensar em râguebi 24 horas por dia. Por isso, foi bom e aprendemos tanto como se estivéssemos cá, além de que haverá mais oportunidades para jogar na seleção”, lembrou o médio de abertura.

Até lá, os ex-jogadores de Técnico (Storti) e Direito (Portela) vão mantendo a forma física em casa, cumprindo as instruções de distanciamento social da Direção-Geral da Saúde, depois de um regresso que se deu de forma abrupta.

“Foi tudo muito repentino. Dois dias antes estávamos a treinar, a pensar que íamos ter jogo e tivemos de vir embora de repente”, relatou Storti, melhor jogador do World Trophy sub-20 em 2019, admitindo também que tinha uma “noção mínima” do que estava a acontecer pelo que via “nas notícias”.

A informação, de resto, chegava até Jerónimo Portela mais rapidamente a partir de Portugal, apesar das reuniões de equipa sobre “hábitos de higiene” assim que se deu “o primeiro caso na Argentina”.

“Lá não tínhamos muito a noção, mas os nossos pais estavam sempre a alarmar-nos sobre isso e, no momento em que tivemos de voltar, houve um pouco de ansiedade, porque não sabíamos quando as fronteiras iam fechar”, assumiu o médio de abertura.