O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia classificou hoje as declarações do presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), Carlos Barbosa, sobre o Rali de Portugal de “indignas” e revelou que o vai processar judicialmente.

“São declarações indignas de uma pessoa que ocupa o lugar que ele ocupa. Vamos defender o nome do município em tribunal. A única forma de desmentir este tipo de coisas é com papéis. O presidente do ACP não tem estatuto para difamar (…). Mas mais do que a questão da difamação, quero repor a verdade”, disse o autarca, Eduardo Vítor Rodrigues.

O presidente do ACP manifestou na quarta-feira a intenção de afastar Vila Nova de Gaia de futuras edições do Rali de Portugal, mostrando-se crítico à forma como a autarquia geriu o processo que levou ao cancelamento da superespecial urbana, que teria lugar naquele concelho, na sexta-feira, acusando mesmo o executivo municipal de “mentir”.

“O presidente da Câmara de Gaia [Eduardo Rodrigues] e Guilherme Aguiar [vereador] são dois grandes mentirosos, porque prometeram, desde o início, que faziam a superespecial, com ou sem candidatura, e depois começaram a gaguejar. Vieram prejudicar altamente o rali no que toca à sua imagem internacional”, afirmou Carlos Barbosa.

Em declarações à agência Lusa, Eduardo Vítor Rodrigues considerou hoje “lamentável chegar a um ponto destes”, apontando que ao longo deste processo manteve com os responsáveis da organização do Rali de Portugal “uma relação tranquila”, justificando a decisão de não realizar a superespecial em Gaia por “falta de resposta atempada” sobre a comparticipação financeira por parte da Turismo de Portugal.

“O município alinhou numa candidatura em dezembro, uma candidatura que era conjunta e todos esperavam uma comparticipação do Turismo de Portugal, na linha do que tinha sido a tradição de anos anteriores. Três semanas antes do início da prova, o Turismo de Portugal não tinha dado resposta”, descreveu o autarca socialista.

Eduardo Vítor Rodrigues frisou que “fazer uma candidatura não significa assinar um contrato” e que a Câmara “não teve resposta atempada” numa matéria em que “havia necessidade de fazer procedimentos de contratação que não se fazem de um dia para o outro”.

“Neste momento estamos fora porque não aceitamos o risco financeiro que estava implícito. O município não faz nenhuma atitude de esbanjamento e nenhuma atitude que ponha em causa aquilo que demorou a conquistar que é a estabilidade financeira”, concluiu.

A organização do Rali de Portugal cancelou a 09 de maio a especial em Vila Nova de Gaia, por, segundo o ACP, o município ter decidido "à última hora e devido a questões internas" não acolher a prova.

Em comunicado, o ACP deu conta da retirada da ‘Gaia Street Stage' do programa da sétima etapa do campeonato do mundo de ralis (WRC), pelo que desta forma o Rali de Portugal vai ficar reduzido a 18 especiais cronometradas.

No mesmo dia, a Câmara de Gaia esclareceu que decidiu não realizar a superespecial devido à “indefinição com a comparticipação financeira” e o Turismo de Portugal apontou que iria tomar uma decisão sobre uma candidatura relacionada com o Rali de Portugal na semana seguinte.

A 53.ª edição do Rali de Portugal começou hoje e estende-se até domingo.