O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) definiu como “bizarra” a situação da velejadora grega Vasileia Karachaliou, que garantiu a quota olímpica para Portugal em ILCA 6 antes de ter sido naturalizada portuguesa.

“A situação da Vasileia Karachaliou é perfeitamente clara. E, de resto, ainda recentemente nos foi transmitida pelo Presidente dos Comités Olímpicos Europeus, que é presidente do Comité Olímpico Grego. Ele transmitiu-nos que, atendendo à natureza das relações conflituais entre a federação [grega] e a atleta, que a federação, em circunstância alguma, libertará a atleta para poder representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Paris. Portanto, se ela quer representar Portugal nos Jogos Olímpicos, vai ter que aguardar pelos Jogos de Los Angeles [2028], porque nestes não há qualquer possibilidade”, confirmou José Manuel Constantino.

A 16 de novembro, à margem da Celebração Olímpica, que decorreu em Lisboa, Spyros Capralos tinha revelado à Lusa que a decisão de não permitir que Vasileia Karachaliou represente Portugal nos próximos Jogos Olímpicos foi tomada pelo Comité Olímpico grego em assembleia geral.

“Entretanto, ela conquistou uma vaga para Portugal. Põe-se um problema à Federação [Portuguesa de Vela], que o terá que resolver, de acordo com os critérios que entender mais adequados”, notou o presidente do COP.

Constantino entende que não deve emitir uma opinião sobre a resolução deste problema, uma vez que “a federação deve estar livre de quaisquer pressões do presidente do Comité Olímpico de Portugal e deve decidir de acordo com a sua própria consciência e com a avaliação que faz da situação”.

No entanto, o máximo dirigente desportivo nacional não deixou de notar que Karachaliou “compete com Portugal e ainda não é portuguesa”.

“É uma coisa perfeitamente bizarra. Não é portuguesa e já compete por Portugal. Podia concorrer como individual. Não, já concorre com Portugal. […] Esta senhora é grega, continua grega. Pediu para ser portuguesa. Se vier a ser portuguesa, a partir dessa data, será portuguesa. Até lá é grega”, defendeu.

Vasileia Karachaliou, que compete por Portugal mediante uma licença especial da federação internacional da modalidade (World Sailing), só poderia representar o país caso conseguisse a cidadania nacional até março de 2024 e o Comité Olímpico grego autorizasse a sua presença na capital francesa com as cores lusas.
A velejadora, de 27 anos, conquistou para Portugal, a 19 de agosto, a vaga olímpica em ILCA 6 para Paris'2024, durante os Mundiais de Haia.