Os marchadores João Vieira (Sporting) e Ana Cabecinha (CO Pechão) foram os melhores portugueses na 30.ª edição do Grande Prémio de Rio Maior, assumindo os seus regressos.

O veterano João Vieira está a voltar a apostar nas provas de 20 quilómetros, depois de ter conquistado a medalha de prata nos 50, em Doha2019, e de a World Athletics (WA) ter reduzido a distância máxima para 35 e, mais recentemente, o Comité Olímpico Internacional (COI) ter trocado esta prova para uma estafeta mista na distância da maratona.

Esta mudança ‘obrigou’ Vieira, aos 47 anos, a voltar à distância mais curta, na qual continua a ser referência em Portugal, conseguindo ser o representante nacional mais rápido no Grande Prémio riomaiorense, com o 11.º lugar, ao cumprir os 20 quilómetros em 01:23.12 horas.

“A prova foi dentro do registo que eu e a minha treinadora temos trabalhado. Estamos a trabalhar para os 20 quilómetros e ainda me falta algum tempo de treino para esta intensidade que já não estava habituado, preciso de mais intensidade e mais qualidade de treino”, admitiu, em declarações à Lusa, o vencedor da prova em 1997 e 2013.

O recordista nacional nos 20 (01:20.09 em 2006), 35 (02:33.23 em 2015) e 50 (03:45.17 em 2012) prometeu empenho para regressar aos ritmos mais fortes da distância mais curta.

“Hoje correu bem, falhei o objetivo por cerca de 10 segundos, mas vou continuar a trabalhar para as próximas provas de 20 quilómetros, esperando ir ao Europeu de nações. O objetivo é fazer umas quantas provas de 20, porque, desde que a WA e o COI decidiram mudar a prova de 35 para uma estafeta, eu vou ter de optar por esta distância”, reconheceu.

O quinto classificado nos 50 quilómetros em Tóquio2020, quer estar pela sétima vez em Jogos Olímpicos – e igualar o velejador e recordista nacional João Rodrigues –, tendo, por isso, como meta as 01:20.10 da marca de qualificação direta.

“Eu quero o apuramento, estou a trabalhar para isso porque não é isso que me vai fazer baixar os braços. Para o ano, certamente, será o meu último, mas vou continuar a dar o máximo e a sentir-me feliz no que faço”, afirmou o marchador do Sporting.

Ana Cabecinha, que detém o recorde nacional da distância desde 2008 (01:27.46) também saiu satisfeita da prova riomaiorense, com o sétimo lugar e o seu melhor registo desde 2018.

“Há muitos anos que ando à procura de uma marca. O tão desejado registo abaixo de 01:30 horas, felizmente, chegou hoje e isso dá-me mais motivação para o resto da época e para o próximo ano”, afirmou a atleta do CO Pechão, em declarações à Lusa.

A algarvia, de 39 anos, ficou satisfeita por ter superado em cinco segundos esse ‘objetivo’, mas, com os 01:29.55 ficou a escassos 35 segundos da marca de qualificação para Paris2024 (01:29.20).

“Fiquei com a consciência de que estamos no caminho certo. Estava nos planos entrar por ranking, mas, com este resultado acho que é possível entrar por marca direta. Vou trabalhar para isso, ainda há muita prova para fazer este ano”, rematou Cabecinha, que tem o sexto lugar no Rio2016 como a melhor das suas quatro presenças olímpicas.

Igual avaliação fez Paulo Murta, treinador de Cabecinha, ressalvando que a prova de Rio Maior serviu de preparação para o Europeu de seleções, que vai ser disputado em Podebrady, na República Checa, em 21 de maio.

“É excelente. Viemos de altitude, o Europeu de equipas, daqui a duas semanas, é que é importante, mas já mostrou que o trabalho foi bem feito. A Ana está de volta, a idade não passa por ela. O sétimo lugar foi bom. Estamos no bom caminho e os 01:29.20 de qualificação olímpica é possível. É um gosto vê-la a competir”, sublinhou Murta.

A 30.ª edição do Grande Prémio de Rio Maior foi hoje vencida equatoriano Brian Pintado e pela chinesa e recordista mundial da distância Jiayu Yang.