A “união” juntou a experiência da olímpica Jieni Shao à juventude de Inês Matos e Matilde Pinto para que lograssem o bronze no torneio de equipas de ténis de mesa nos Jogos do Mediterrâneo Oran2022.

“A nossa primeira jogadora não veio, a Fu Yu. Tentámos puxar as jovens para crescerem mais rápido e poderem acompanhar a equipa. Queríamos tentar ir às medalhas, se as meninas se portassem muito bem. A equipa esteve sempre muito unida, a puxar umas pelas outras. Ficámos em terceiro, ganhámos bronze”, resumiu a selecionadora, Xie Juan.

A olímpica Jieni Shao, 52.ª do ‘ranking’, começou por bater Sabina Surjan, 125.ª, por 3-1, antes de Matilde Pinto, que é 346.ª aos 16 anos, perder pelo mesmo resultado com Izabela Lupulesku, 110.ª.

Em pares, Shao e Inês Matos, de 17 anos, levaram a melhor sobre Tijana Jokic, 310.ª, e Surjan, por 3-0, antes da mais experiente das lusas fechar o pódio ao bater Lupulesku por 3-1.

Lideradas por Jieni Shao, a equipa acabou por demonstrar um misto de garra, juventude e experiência para chegar ao pódio, e entre o cansaço e a concentração, a festa nem aparecia.

“Nem pensámos no pódio”, confessa a técnica, dado que as três jogadoras não trouxeram a ‘farda’ oficial do Comité Olímpico de Portugal (COP) para cerimónias, apenas o equipamento de jogo.

Depois de vitórias, no domingo, ante Espanha e Eslovénia, para avançar diretamente para as meias-finais, Portugal cedeu perante Itália, mas recuperou para chegar ao bronze.

Antes, Giorgia Piccolin acabou por desfazer as aspirações da seleção feminina, que até podia ter fechado o encontro, primeiro por Inês Matos, que perdeu 3-2 com a italiana, e depois nos pares, em que as duas voltaram a jogar, caindo de novo na ‘negra’, com a mesma jogadora a bater Jieni Shao para o 3-1.

“Quando perdemos esse jogo, ficámos um bocado em baixo, porque podíamos ter ganho, ir à final. (...) Depois, queríamos o bronze e conseguimos”, explicou a selecionadora.

A abrir, Jieni Shao mostrou o alto nível que o estatuto de atleta olímpica e mais cotada no ‘ranking’ das duas seleções, ao vencer por 11-2, 6-11, 11-6 e 11-9, com Matilde Pinto, a ‘teenager’ de 16 anos, a bater-se com Izabela Lupulesku, perdendo por 11-13, 13-11, 11-5 e 11-6.

Jieni e Inês ‘limparam’ Tijana Jokic e Surjan por 11-8, 11-9 e 11-3, e Shao ‘fechou’ com nível, ao bater Lupulesku por 11-7, 9-11, 12-10 e 12-10.

Jieni Shao estava “muito feliz e muito contente por Portugal ganhar uma medalha”, vendo este como “um dia feliz” em que “uma boa equipa”, com atletas “muito novas e a jogar jogos importantes”, deu boa conta de si.

“Eu tento sempre ajudar, grito-lhes ‘vamos!’, peço confiança, e elas estiveram bem. (...) Ganharam uma medalha e isso dá mais confiança. Acredito nelas, podem ser melhores”, atirou a atleta olímpica, que quer “tentar” chegar a Paris2024, ao lado de Fu Yu e das mais jovens, “sempre juntas”.

Para Inês Matos, este resultado coroou um “caminho muito difícil até chegar aqui, com muita emoção, muito choro, muito tudo”, incluindo nervosismo por “ter o privilégio de estar aqui com a Jieni Shao”.

A juntar-se à mais experiente nos jogos de pares, “estava muito nervosa, com medo de falhar, com pressão”, mas foi encontrando o seu ténis de mesa e seguindo os conselhos.

“Tudo o que me dizia, eu tentava executar, estar concentrada, e tinha muita atenção ao que dizia, sempre. É a Jieni Shao”, explicou.

Para Paris2024, “quem sabe?”.

Jogar com Fu Yu e Jieni Shao “ainda traz mais nervosismo, mas é um objetivo, não se pode dizer que é impossível”. “Agora estou cada vez mais perto”.

Ainda mais nova, Matilde Pinto já soma uma medalha internacional sénior aos 16 anos e admite que foi “um orgulho”. “Eu cresci a ver a Jieni jogar”, admitiu.

Aqui, aprendeu “que para estar neste nível é preciso treinar muito e lutar sempre até ao fim”.

O dia foi de bons presságios para o ténis de mesa nacional, uma vez que este bronze, o primeiro da missão em Oran2022, abriu caminho à prata da seleção masculina, de João Monteiro, João Geraldo e Diogo Chen, após perderem a final com a Eslovénia (3-2).

Os Jogos do Mediterrâneo Oran2022 arrancaram no sábado e decorrem até 06 de julho, com mais de três mil atletas de 26 países diferentes, incluindo 159 portugueses em 20 disciplinas.

Entre o contingente luso estão vários atletas olímpicos, como Evelise Veiga, Cátia Azevedo, Vera Barbosa, Tsanko Arnaudov, Tiago Pereira, Lorene Bazolo e Liliana Cá, a ginasta Filipa Martins, os atiradores Joana Castelão, Sara Antunes, João Costa e João Paulo Azevedo, os nadadores Ana Catarina Monteiro, Francisco Santos, Ana Rodrigues, Gabriel Lopes, Alexis Santos e Tamila Holub ou também os mesatenistas Jieni Shao e João Monteiro.