A equipa sénior feminina de hóquei em patins da Sanjoanense viveu momentos complicados, na viagem desde Oliveira do Hospital, até São João da Madeira. Um percurso que deveria ser feito em duas horas, demorou mais de 12, devido aos incêndios que assolaram o centro e norte de Portugal no domingo. O jogo foi interrompido várias vezes devido as constantes falhas de energia no pavilhão, provocados pelos incêndios.

Na viagem de regresso, a comitiva foi apanhada desprevenida, sem roupa para mudar e sem comida. Tiveram de se refugiarem num café em Oliveira de Frades.

"A nossa sorte foi termos parado num café. O proprietário deu-nos água e comida, mas, entretanto, o fumo veio para a cidade, entrou no café e tivemos que ir para as casas de banho, com lenços e camisolas, para respirar, enquanto os pais vinham cá fora apagar fagulhas que podiam incendiar algum carro. Muito perto de nós ardeu uma casa e ficamos assustadas", conta a jogadora Inês Ferreira, em declarações reproduzidas pelo jornal ´Record`.

As jogadoras e restante comitiva tiveram de refugiarem num café até depois das três da manhã, altura em que os pais das atletas conseguiram levar parte delas para uma pensão.

"Ficamos no chão, deram-nos mantas, mas eu, pessoalmente, só dormi duas horas. Dormimos com os fatos de treinos, algumas colegas tinham que estar com as lentes de contacto e, de manhã, disseram-nos que tinham reaberto as estradas, não tínhamos água, lavamos a cara com a água que tínhamos comprado na véspera e chegamos a São João da Madeira pelas 10h00", relata Inês Ferreira, entre tosse e dores de garganta que guarda como mazelas, de acordo com o ´Record`.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 36 mortos, sete desaparecidos e 62 feridos, dos quais 15 graves, além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, no verão, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.