A portuguesa Sofia Vieira conquistou a Taça de Itália de futsal, ao serviço do Kick Off C5, que lidera a Série A, a seis jogos do fim da fase regular.

Aos 31 anos, a ala/pivot portuguesa cumpre a sexta temporada no clube italiano, que em 2017/18 perdeu a final do campeonato frente ao Ternana.

O Kick Off C5 lidera a Série A com 60 pontos, mais três do que o Salinis e mais seis do que o Montesilvano, segundo e terceiro classificados, respetivamente.

“O campeonato ainda é longo e a fase final joga-se em ‘play-offs’. O facto de estarmos em primeiro coloca-nos entre as candidatas à vitória, mas nada mais. Obviamente, os meus objetivos passam por tentar vencer o campeonato e, a nível individual, ficar, no mínimo, entre as três melhores marcadoras da competição”, explicou Sofia Vieira, em declarações à agência Lusa.

Na final da Taça de Itália, disputada em 24 de março, a portuguesa marcou um dos golos da vitória do clube de San Donato, da região de Milão, por 10-2 sobre a Lazio, no culminar de uma final a oito “fantástica”, com triunfos diante de Florentia (8-6) e Montesilvano (6-5).

“Foi marcante não só pela vitória final, mas também por todo o percurso. Para mim representa a justiça que nem sempre se consegue no desporto, foi o culminar de uma preparação intensa (tática, física e psicológica) e o reconhecimento do trabalho de tantos anos para lá chegar”, referiu.

Natural de Rio Maior, Sofia Vieira começou a jogar futsal na escola, alinhando, depois, por Alcobertas, Cartaxo e Academia Torrejana antes de chegar ao Benfica, em 2003/04, ainda com idade de júnior.

Defendeu a camisola encarnada em quatro temporadas, durante as quais chegou à seleção principal portuguesa de futebol, marcando sete golos nas 34 presenças na equipa das ‘quinas’, tantas quantas viria a somar na seleção de futsal, apontando nove tentos.

A última presença na seleção de futsal ocorreu em outubro de 2016, levando a que Sofia Vieira já não espere voltar à equipa das ‘quinas’.

Depois do Benfica, a portuguesa rumou a Espanha, onde jogou em quatro clubes, casos de FSF Mostoles, Atlético Navalcarnero e Universidad de Alicante, em futsal, e no Atlético de Madrid, em futebol.

“Tudo começou com a disputa da Taça Ibérica pelo Benfica, ganhamos ao FSF Mostoles e chegou o convite para jogar em Espanha, onde estive durante seis anos. Surgiu a possibilidade de vir para Itália, arrisquei e aqui continuo pela sexta época consecutiva”, recordou.

Com um percurso dividido entre futebol e futsal, a internacional portuguesa nem hesita sobre a vertente preferida: "Sempre gostei de ter a bola no pé e no futebol poucas vezes tinha contacto com a bola. Depois, por ser baixa, estava em desvantagem no futebol e no futsal não. O futsal é intensidade e velocidade, acho que foi isso que me fez gostar mais e me divertir mais no futsal".

Sofia Vieira assumiu que lhe falta “vencer muitas coisas”, considerando ter “uma carreira de sucesso”, mesmo sem ter conquistado muitos títulos, depois de ter começado a jogar futebol na rua, com o irmão e os colegas de escola.

"Nunca tive dificuldades nenhumas, lembro-me que me deixavam sempre jogar e sempre me trataram com muito respeito. Acho que foi mais complicado para os meus pais, principalmente para a minha mãe que teve de lidar com as pessoas que lhe perguntavam porque me deixava jogar com os rapazes – ‘és maluca’, diziam-me -, mas felizmente tenho uma mãe fabulosa, que me deixou simplesmente fazer o que gostava. Devo a minha carreira à minha família, principalmente à minha mãe, ao meu irmão e à minha tia", reconheceu.

Em paralelo com a carreira desportiva, Sofia Vieira encarou como “prioridade” a sua formação académica, tendo iniciado a licenciatura em Ciências do Desporto, na Faculdade de Motricidade Humana, que terminou na Universidad Autónoma de Madrid.

“Quando fui jogar para Alicante, continuei a estudar e fiz o mestrado em Educação, com especialidade em Educação Física, que exerço, atualmente, em algumas escolas, através de projetos do Comité Olímpico Nacional Italiano (CONI), e sou a responsável pela formação Kick Off C5, com crianças entre os cinco e os 14 anos”, rematou.