As bonificações conseguidas ao longo dos primeiros 16 dias de Volta a Espanha em bicicleta salvaram' o esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma) de perder o que hoje praticamente garantiu: o segundo triunfo consecutivo nesta grande Volta.

O francês David Gaudu (Groupama-FDJ), de 24 anos, cumpriu os 178,2 quilómetros entre Sequeros e o Alto de la Covatilla e ganhou a etapa de alta montanha com um tempo de 4:54.32 horas, 28 segundos mais rápido que o suíço Gino Mäder (NTT), segundo, e 1.05 minutos do que o espanhol Ion Izagirre (Astana), terceiro.

Roglic, que cortou a meta em 10.º, a 2.56 do vencedor, foi atacado pelo equatoriano Richard Carapaz (INEOS), segundo à geral, mas acabou por segurar 24 segundos de vantagem para o rival, com o britânico Hugh Carthy (Education First) a fechar o pódio, a 47 do esloveno.

O resultado praticamente confirma uma segunda vitória consecutiva, depois da Vuelta de 2019, uma vez que a última etapa, que termina em Madrid, é uma ‘procissão' feita para consagrar os vencedores.

O dia de hoje prometia as últimas decisões e alguns, como Gaudu, conseguiram grandes vitórias, com o francês a saltar de 11.º para oitavo, assim como o espanhol David de la Cruz (UAE Emirates), que subiu a sétimo, ‘empurrando' o russo Alexander Vlasov (Astana) para fora do ‘top 10', fechado pelo espanhol Alejandro Valverde (Movistar).

A Movistar, de resto, foi a principal protagonista da etapa, ao lançar vários homens na fuga, entre eles o português Nelson Oliveira, presumivelmente para apoiarem um futuro ataque de longe do espanhol Enric Mas, quinto à geral e líder da juventude.

A fuga constituiu-se com 34 corredores, entre eles dois portugueses da UAE Emirates, Ivo Oliveira e Rui Costa, que trabalharam para o espanhol David de la Cruz, ajudando-o a melhorar a sua posição na geral após um grande trabalho de ambos, durante largos quilómetros a liderarem a escapada.

Ainda assim, acabaram por ser alcançados quase todos, sobrando Gaudu na frente com Izagirre, à procura de uma segunda vitória, Gino Mäder, à procura de se estrear, e De La Cruz, quarto na etapa, entre outros.

Atrás, na subida ao Alto de la Covatilla, uma categoria especial, Roglic já tinha visto Hugh Carthy tentar várias vezes sair, Vlasov também já tinha tentado, embora Mas nada tenha tentado, ao contrário do seu colega de equipa e compatriota Marc Soler, sem sucesso.

Diferente destino teve o ataque de Carapaz, que ‘assustou' o camisola vermelha, mas o tempo conseguido ao ser oitavo na etapa, atrás do vencedor da montanha, o francês Guillaume Martin (Cofidis), não chegou para bater o esloveno.

Sem os 48 segundos de bonificação, Carapaz, que conseguiu ‘apenas' 16 nesta Vuelta, teria vencido ‘Rogla' por oito segundos, mas o ‘póquer' de vitórias do esloveno, a somar a outros segundos ganhos, permitem-lhe revalidar o título.

"É sempre bom ver estas chegadas em alto, mas eu sabia que tinha o suficiente [de energia] para conseguir seguir ao meu ritmo e ainda ser líder. (...) Ter um colega de equipa a puxar por mim [o holandês Lennard Hofstede] ajudou, cada metro que ele pôde puxar ajudou, e estou muito feliz, é uma grande forma de acabar a temporada", atirou o também vencedor da classificação por pontos.

Aos 31 anos, o chefe de fila da Jumbo-Visma vai vencer pela segunda vez, em duas participações, a Vuelta, este ano encurtada para 18 etapas, num ano marcado pelo ‘desaire' na Volta a França.

Aqui, Carapaz ameaçou fazer o que o também esloveno Tadej Pogacar tinha conseguido fazer no Tour, isto é, relegar para segundo o rival na penúltima etapa, mas o trabalho de Hofstede, bem como de uma Movistar que se ‘vingou' do equatoriano e ainda pressionou o irlandês Dan Martin (Israel Start-Up Nation), que ainda assim manteve o quarto posto, permitiu-lhe segurar a liderança.

Rui Costa acabou por chegar em 46.º, caindo um posto para 44.º na geral, enquanto Nelson Oliveira caiu também um lugar, para 40.º, após ser 55.º na 17.ª tirada.

Ainda assim, o homem da Movistar deve subir ao pódio final em Madrid, uma vez que a equipa espanhola lidera a classificação por equipas por mais de 10 minutos.

Ricardo Vilela (Burgos-BH) cedeu 11 posições e caiu para o 100.º posto na geral, em que Ivo Oliveira é 102.º e Rui Oliveira (UAE Emirates) 120.º, uma subida de seis lugares.