Jasper Philipsen ‘vulgarizou’ hoje novamente os rivais, conquistando, à 11.ª etapa, o seu quarto triunfo na 110.ª Volta a França, um número que lhe permite igualar outros ‘grandes’ do sprint do século XXI na prova.

Mesmo sem o seu lançador preferencial, o doente Mathieu van der Poel, o belga da Alpecin-Deceuninck voltou a demonstrar que, neste momento, é incontestavelmente o mais rápido do pelotão, somando a quarta vitória (em cinco oportunidades) e ‘igualando’ o italiano Alessandro Petacchi (2003), o alemão Marcel Kittel (2013 e 2014) e a ‘lenda’ britânica Mark Cavendish (2008, 2016 e 2021), únicos sprinters a vencerem quatro etapas no Tour neste século.

“Tem sido um Tour incrível até ao momento, não consigo ‘assimilar’ quão bem está tudo a correr, estou super orgulhoso e muito feliz com a minha forma”, resumiu o ciclista de 25 anos, que hoje, em Moulins, derrotou o neerlandês Dylan Groenewegen (Jayco AlUla), segundo, e o alemão Phil Bauhaus (Bahrain Victorious) – pela terceira vez entre os três primeiros -, que cortaram a meta com as mesmas 04:01.07 horas.

Sete segundos mais tarde, chegou o camisola amarela Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) com os seus perseguidores na roda; o dinamarquês manteve os 17 segundos de vantagem sobre o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates), seu ‘vice’ na passada edição e nesta classificação geral, e os 02.40 minutos sobre o australiano Jai Hindley (BORA-hansgrohe), ainda terceiro.

Moulins apresentava-se perfeita para os sprinters, e eles cumpriram a sua missão numa tirada que ficou marcada pela inglória fuga de Andrey Amador (EF Education-Easypost), que saltou do pelotão nos primeiros metros dos 179,8 quilómetros com início em Clermont-Ferrand, e de Matis Louvel (Arkéa-Samsic) e Daniel Oss (TotalEnergies), que se juntaram ao costa-riquenho uns metros mais adiante.

Perante três ciclistas que, pelas suas características, não representavam, numa etapa como a de hoje, qualquer ameaça quer para os homens rápidos, quer para os primeiros classificados da geral, o grupo deixou-os seguir e ganhar uma distância máxima de três minutos.

O ‘jogo do gato e do rato’ entre fugitivos e pelotão prolongou-se durante mais de 120 quilómetros, com a vantagem a oscilar ao ritmo dos perseguidores, que tiveram o trio sempre na ‘mira’.

Cansado de estar permanentemente à vista do pelotão, o jovem francês Matis Louvel, de 23 anos, abdicou a pouco mais de 53 quilómetros da meta, levando os seus companheiros de jornada a um breve diálogo para decidir se continuavam a insistir numa fuga ‘condenada’ - Amador abdicou pouco depois, despedindo-se de Oss com um aceno.

O veterano italiano, de 36 anos, conhecido maioritariamente por ser o ‘eterno’ escudeiro do antigo tricampeão mundial Peter Sagan, persistiu, mas viu a sua iniciativa anulada já nos derradeiros 14 quilómetros da 11.ª etapa, numa altura em que, por momentos, tinha deixado de chover impiedosamente sobre o pelotão.

Depois, foi ‘business as usual’ para Philipsen, apesar da ausência daquele que tem sido o último elemento do seu ‘comboio’ em cada sprint: “Também consigo ganhar sem ele [Van der Poel], mas claro que ele torna as coisas mais fáceis”.

O belga leva já seis triunfos no Tour, incluindo o do ano passado em plenos Campos Elísios, e é, juntamente com Cavendish, o sprinter em atividade com pelo menos quatro vitórias numa mesma edição da ‘Grande Boucle’.

Hoje, a cautela na aproximação à meta fez os candidatos à geral cederem sete segundos para o camisola verde, enquanto Ruben Guerreiro (Movistar) perdeu 35, e o seu companheiro Nelson Oliveira e Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) cortaram a meta com um minuto de atraso.

Assim, Guerreiro vai partir para a 12.ª etapa, uma ligação ‘ondulada’ de 168,8 quilómetros entre Roanne e Belleville-en-Beaujolais, na 33.ª posição da geral, a 38.36 de Vingegaard. Já o outro luso da Movistar é 66.º, a 01:17.32 horas, 20 lugares acima do campeão mundial de fundo, que está a 01:36.27 do camisola amarela.