Joaquim Gomes não será o diretor da edição especial da Volta a Portugal em bicicleta, mas acompanhará a prova, da qual é “o anjo da guarda há 18 anos”, na qualidade de “diretor honorário”, sugeriu hoje.

“Isso foi uma questão que foi analisada de início. Entendi que, numa Volta organizada pela Federação Portuguesa de Ciclismo, e havendo uma ligação minha, em termos laborais, à Podium, não seria ajustado ser o diretor da organização. Chamam-me diretor honorário, se assim quiserem. Ironicamente, tenho tanta ou mais responsabilidade do que tinha antes. De qualquer modo, deverá haver um representante da federação que assuma a função de diretor”, esclareceu na apresentação da edição especial da corrida, em Lisboa.

Embora ressalvando “estar a brincar” ao intitular-se “diretor honorário”, aquele que é o principal rosto da prova rainha do calendário velocipédico nacional há quase duas décadas autorizou os jornalistas a adotarem essa definição, antes de referir ser “o anjo da guarda há 18 anos da Volta a Portugal”.

“Eu acredito, e sempre acreditei, que era possível fazer a Volta”, confessou, detalhando o processo que levou a entidade organizadora, a Podium, a adiar o evento em junho e, posteriormente, a remarcar a 82.ª edição, deixando esta edição especial nas mãos da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC).

“À margem da parte desportiva da Volta, há todo um evento sócio-desportivo que tem como objetivo, no fundo, privilegiar o contacto entre os patrocinadores e o grande público... ora, essas premissas caíram por terra perante o plano sanitário que, legitimamente e compreensivelmente, nos foi aplicado. A partir daí, a Podium deixa de ter condições para assumir os compromissos que tinha quer com as marcas quer com os patrocinadores”, notou.

Joaquim Gomes revelou ter-se sentido alarmado com a possibilidade de a prova não acontecer, uma vez que existia “o risco da maior parte das equipas portuguesas se extinguirem e de estarmos sem Volta a Portugal dois ou três anos”.

“Foi aí que me sentei com os responsáveis federativos e chegámos à conclusão que tinha de ser a FPC, em tempo recorde, a organizar a prova. De forma completamente incondicional e voluntária, estou a dar o meu apoio à federação nesta Volta”, completou.

O antigo ciclista explicou que tentou socorrer-se da relação “muito consolidada” que tem com as autarquias e cativá-las para este novo formato, mais curto, com apenas um prólogo e oito etapas, ao invés das tradicionais 10, e sem dia de descanso, que estará na estrada entre 27 de setembro e 05 de outubro.

“Manifestamente, tivemos um enorme sucesso, porque até alguns dos municípios que inicialmente não estavam disponíveis para estar na Volta a Portugal de agosto, começando já por Viana do Castelo, foram os primeiros a dar o O.K., com a adoção de todas as medidas de segurança que estão instituídas”, avaliou.

Joaquim Gomes preocupou-se, então, em manter “os locais mais carismáticos e míticos” da corrida, num percurso que descreve como bastante equilibrado, assimilando no traçado as diretrizes da Direção-Geral da Saúde de que “a Volta a Portugal não deve apresentar público quer nas partidas, quer nas chegadas e deve evitar aglomerações, inclusive, no percurso”.

“É muito difícil montar estratégias que afastem por completo o público de eventos com grande notoriedade. Do ponto de vista do promotor, estamos particularmente empenhados num reforço de estruturas nos locais de partida e de chegada, em que vamos criar corredores que afastem o público da chamada zona 0, onde estão corredores e os seus ‘staffs’ e todos os elementos da organização que circulam em caravana. A partir daí, nos principais locais de passagem, em zonas urbanas, esse papel fica muito entregue às forças de segurança no âmbito da segurança pública”, indicou.